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Roteiro Romântico
O Romantismo e as personalidades românticas em Sintra
Sintra é um espaço privilegiado no contexto do romantismo português. A Pena, Monserrate, a Regaleira e o Centro Histórico imortalizam todo um conjunto de cenários marcantes da época, convidando-nos a efetuar diversos percursos e descobrir as várias vertentes do movimento romântico.
Assim, neste cenário natural tão peculiar de Sintra, poderemos não apenas descobrir os palácios e o casario oitocentistas, como também acompanhar os passos dados por figuras incontornáveis do romantismo como Byron, Beckford, Herculano ou Garrett.
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Entrada do Palácio GPS: 38°47’13.95”N 9°23’25.0”W
Cruz Alta GPS: 38°46’55.4”N 9°23’29.0”W
Bilheteira GPS: 38°47'16.5"N 9°23'15.5"W
O Palácio Nacional da Pena, visto como a coroa da Serra de Sintra, é um marco importante do romantismo português. Foi idealizado e mandado construído pelo rei D. Fernando II (1816-1885), possivelmente a mais romântica das ilustres personalidades que passaram por Sintra.
Os tons coloridos do Palácio, as matizes de verde do parque natural que o circundam e a habitual bruma que envolve a Serra de Sintra, compõem o cenário idílico que nos transporta para os contos de fadas. Richard Strauss (1864-1949), em visita a Sintra em 1909, considerou-o um verdadeiro "Castelo do Graal".
Paradigma do próprio conceito de Romantismo, em Portugal e na Europa, o conjunto da Pena é fruto do sonho de um príncipe alemão, feito rei português por matrimónio e da concretização levada a cabo pelo Barão Wilhelm Ludwig von Eschwege, mineralogista e engenheiro de minas, então residente em Portugal.
O Palácio da Pena foi sempre muito frequentado pela realeza portuguesa no período do verão e foi aqui que a rainha D. Amélia soube da proclamação da República, em 1910.
O edifício palaciano é circundado por outras estruturas arquitetónicas que apelam ao imaginário medieval, como caminhos de ronda, torres de vigia, um túnel para o acesso, a ponte levadiça e a Cruz Alta que, colocada no topo do jardim, a 528 metros de altitude, marca o ponto mais alto da Serra de Sintra. Daqui é possível avistar as mais belas vistas sobre Lisboa e Cascais, a Sul; o Oceano Atlântico, a Oeste e a região saloia, a Norte.2
GPS: 38°47’06.3”N 9°23’56.9”W
Localizado no interior do Parque da Pena, o chalet de estilo alpino foi imaginado por Elise Hensler, cantora de ópera suíça que se tornou a segunda esposa do rei D. Fernando II, tendo recebido o título de Condessa d’Edla. O edifício, integrado no parque e com uma vista singular para o palácio, tornou-se no local de recreio e refúgio romântico do casal.
O par, unido pelo amor à arte e à cultura, partilhava também a paixão pela botânica, tendo intensificado, no parque da Pena, a plantação de espécies exóticas proveniente de vários cantos do mundo e criado um ambiente poético e sonhador em torno do chalet. Para o efeito conceberam recantos românticos em que se destacam a Feteira da Condessa, o Jardim da Joina, o Caramanchão, o labirinto de Pedras do Chalet e os vários miradouros.
A decoração do Chalet foi pensada para o tornar acolhedor e cenográfico o que é conseguido através das artes decorativas que em estuques, azulejos e pinturas transportam a natureza exterior para o espaço íntimo, refletindo a sensibilidade do casal.
Ao visitarmos este local somos transportados para a época das pequenas tertúlias de amigos e dos harmoniosos saraus musicais que marcavam a vivência da aristocracia europeia.
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GPS: 38°47'46.7"N 9°23'20.0"W
Situado na entrada nascente da Vila de Sintra, este edifício foi construído nos finais do século XIX, sob a responsabilidade do arquiteto Giuseppe Cinatti. Casa de habitação do Conde Valenças, de traça tipicamente romântica, “de influencia italiana, algo veneziana até, com as loggias quinhentistas e certos pormenores discretamente góticos”, nas palavras de José Augusto França, foi em 1936 adquirida pela Câmara Municipal de Sintra que nele instalou, em 1939, a Biblioteca Municipal (transferida para um novo edifício adjacente à Casa Mantero em 2002) e o Arquivo Histórico, agora sediado noutras instalações camarárias, em Vila Verde.
Neste edifício realizam-se as Assembleias Municipais, Reuniões de Câmara e as mais diversas atividades como colóquios, seminários ou concertos. O Palácio Valenças foi profundamente modificado, quer interior quer exteriormente, após a sua aquisição pela autarquia.
O palácio estava integrado num amplo jardim, hoje conhecido como Parque da Liberdade, com um coberto vegetal contendo 410 exemplares de 60 espécies diferentes, que fazem dele um dos mais belos espaços verdes de Sintra.
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GPS: 38°47'44.1"N 9°23'23.4"W
Perto da histórica Fonte da Sabuga encontra-se a Quinta do Saldanha, cuja origem remonta a João Carlos Gregório Domingues Francisco de Saldanha (1790-1876), neto materno do Marquês de Pombal que, em 1830, ali ergueu uma casa de campo com capela, onde viveu parte da sua vida. A partir de 1834, o Duque de Saldanha promoveu uma sucessão de melhoramentos na propriedade, construindo no seu extremo um curioso edifício semicircular e, em 1870, um obelisco dedicado à fé - traçado pelo arquiteto Possidónio da Silva, cujo pedestal ostenta uma patriótica inscrição da autoria do duque.
O edifício apresenta uma estrutura desenvolvida em L, com fachada austera que se integra na arquitetura áulica típica de Sintra, manifestando sinais do neogótico romântico. O seu interior reflete a dualidade entre o antigo e o ”moderno”, sobressaindo os frescos que cobrem as paredes das principais salas com temáticas medievais e clássicas, onde se evidenciam características ambientais românticas.
Uma referência última para a capela, que possui um magnífico pórtico manuelino original, proveniente do Convento da Penha Longa.
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GPS: 38°47'45.8"N 9°23'26.1"W
Edifício oitocentista que, no século XIX, pertenceu ao empresário hoteleiro italiano Victor Sassetti (1851-1915).
O imóvel sobressai na Vila de Sintra devido à sua dimensão e à cor ocre do reboco que o cobre. No interior, as paredes encontram-se decoradas com belas paisagens românticas portuguesas e italianas.
Pelos seus salões e casino desfilou a fina-flor da aristocracia portuguesa e europeia do romantismo e realismo oitocentistas.
O hotel esteve em funcionamento entre 1850 e 1890 tendo servido de inspiração para escritores como Camilo Castelo Branco (1825-1890), que a ele aludiu na sua obra "A Queda de Um Anjo" e Eça de Queiroz, que também o referiu inúmeras vezes na sua escrita… "O charme romântico que o caracteriza perdura nos olhares que daqui se alongam, a perder de vista…"
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GPS: 38°47'39.8"N 9°23'29.5"W
Situada na vertente Norte da serra, a Villa Sasseti - mais um belo exemplar da arquitetura romântica de Sintra – é inspirada nos castelos da Lombardia, sobressaindo da sua original estrutura acastelada uma grande torre circular neorromânica em tons de terracota.
Propriedade de Victor Carlos Sasseti (dono do Hotel Victor e do célebre Hotel Bragança, em Lisboa), contou com a colaboração do seu amigo Luigi Manini, para desenhar e erguer este espaço quase cénico, que se espalha por 1,2 hectares, numa perfeita simbiose entre a paisagem natural e a construída. Foi ponto de encontro de grandes escritores e intelectuais da época, tais como Eça de Queirós, Ramalho Ortigão e Alberto Pimentel.
Após a morte de Sasseti, o edifício foi arrendado a Calouste Gulbenkian (entre 1920 e 1955) que o frequentou até à sua morte. Isabel Real, foi a posterior proprietária e responsável pela construção da casa do caseiro e das alterações promovidas no edifício, bem como, da mudança do nome para Quinta da Amizade. Foi adquirida pela Câmara Municipal de Sintra, em 2004 e passou para a alçada da empresa Parques de Sintra –Monte da Lua em 2011.
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GPS: 38°47'44.5"N 9°23'34.5"W
Inaugurada em 1764, a "Estalagem da Lawrence" (nome da emblemática proprietária Jane Lawrence) é a mais antiga unidade hoteleira da Península Ibérica e uma das mais antigas no Mundo, ainda em atividade.
Pela Lawrence’s desfilaram, ao longo dos séculos, insignes personalidades das artes, das letras e da política, portuguesas e estrangeiras, tais como: Lady Catherine Jackson (1824-1891), Camilo Castelo Branco (1825-1890), Almeida Garrett (1799-1854) e Alexandre Herculano (1810-1877), entre outros.
O hotel era especialmente popular entre a comunidade inglesa o que levou os sintrenses a designá-lo por "hotel dos ingleses". Entre estes, o seu hóspede mais ilustre foi Lord Byron (1788-1824), que se inspirou nas belas paisagens e monumentos de Sintra para escrever que "Sintra é um Glorioso Paraíso!".
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GPS: 38°47'40.3"N 9°23'36.9"W
A caminho da Quinta da Regaleira, em frente à histórica Quinta dos Pisões, abre-se um amplo portão que dá acesso ao belo Chalet Biester, um dos mais significativos exemplares da arquitetura de montanha edificados em Sintra. Foi inaugurado em 1890, tendo traçado do arquiteto José Luís Monteiro e contributos na decoração dos interiores de artistas como Rafael Bordalo Pinheiro, que se encarregou dos azulejos; Leandro Braga, responsável pelo mobiliário e peças escultóricas; Paul Baudry, autor dos frescos ou o cenógrafo Luigi Maninni.
O edifício de um exemplar gosto revivalista, povoa o seu espaço com decores quase de ópera e duma teatralidade efémera. Sonhado inicialmente por Ernesto Biester (1829-1880), que se distinguiu como dramaturgo e jornalista, bem como empresário do Teatro D. Maria II, (juntamente com D. João de Menezes e com o ator Eduardo Brazão), seria o seu irmão Frederico Biester a mandar construir o edifício, em 1880, tendo, porém, falecido um ano antes da sua conclusão. A fatalidade da tuberculose atingiu também as suas mulher e filha sendo a propriedade herdada por sua tia Claudina Chamiço.
O chalet encontra-se envolto por um extenso e frondoso parque, projetado pelo jardineiro paisagista Nogré, de desenho extremamente moderno para a época e que congrega, à semelhança do que se passa no parque da Pena, uma enorme variedade de espécies exóticas.
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GPS: 38°47'41.8"N 9°23'39.2"W
Na Avenida Almeida Garrett, em terrenos que outrora pertenceram ao Marquês de Pombal, foi construída uma pequena cascata artificial, denominada dos Pisões - dada a proximidade da Quinta dos Pizões - e que dava igualmente nome à Estrada. Protegido do Marquês, o negociante de arte, cônsul da Holanda em Portugal e proprietário do primeiro Palacete de Seteais, Daniel de Guidemeester lembrou-se de mandar edificar aquele encantador apontamento romântico, aproveitando uma das muitas nascentes da serra. Fê-lo depois de ter adquirido os respetivos terrenos, povoados de árvores de fruto e culturas agrícolas, num cenário bem diferente do que agora encontramos.
Hoje não há quem não se fascine com esta delicada e romântica Cascata dos Pisões, que muitos tendem a confundir com a histórica Fonte dos Amores. O trabalho da pedra imitando escarpadas rochas naturais, o musgo nos velhos muros que a ladeiam, e finalmente a água escorrendo para o pequeno lago pedregoso, remetem-nos para a frase de Eça de Queirós: «Sintra é isto um pouco de água um bocado de musgo: isto é um paraíso».
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GPS: 38°47'46.8"N 9°23'43.3"W
Com o seu palacete mandado construir em 1860 por Manuel Pinto da Fonseca, a Quinta do Relógio ficou conhecida por Quinta do Monte Cristo, dada a vida aventurosa levada pelo seu proprietário e fazia lembra a personagem do histórico romance de Alexandre Dumas. Negreiro, fizera deste negócio a sua fortuna, o que repugnava o rei D. Pedro V que jamais aceitou entrar na propriedade. Curiosamente, em 1886, foi o local escolhido para a lua-de-mel do rei D. Carlos com a rainha D. Amélia - que tanto apreciava o sobreiro do século XVII, que encontramos protegido por uma cerca de ferro junto à entrada da Quinta
O palacete romântico de estilo arabizante é composto por um pavilhão central de topo ameado, ao qual se anexam dois outros corpos térreos. Na fachada principal uma galilé com três arcos de ferradura tem inscrita, em árabe, a divisa dos reis de Granada - último reino mouro da Península Ibérica «Deus é o único vencedor».
A envolver esta edificação fica um amplo jardim povoado por um esplendoroso conjunto de plantas exóticas e por um belo lago que jorrava água para outros mais pequenos, repletos de nenúfares.
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GPS: 38°47'45.1"N 9°23'50.3"W
Na Quinta da Regaleira é possível desfrutar de uma paisagem de estilo romântico e místico, que nos eleva a imaginação através dos elementos que a compõem, como as estátuas, os efeitos de luzes, as grutas artificiais, as cascatas com as linhas de água que percorrem o jardim, as pontes rústicas, o aquário, o colmeal, a capela e toda a arquitetura fantasiosa típica do século XIX.
No seu interior os detalhes arquitetónicos, a arte da cinzelagem, os desenhos esculpidos em pedra, madeira e metal, os mosaicos e vitrais, enaltecem esta quinta desenhada pelo arquiteto, cenógrafo e pintor Luigi Manini. Este espaço de encantamento surge como a materialização onírica de um projeto esotérico e nacionalista de António Augusto Carvalho Monteiro, o multimilionário que imaginou aqui em Sintra o nascer de uma nova era de missão templária ou milenarista.
Resumindo podemos afirmar que a alquimia do devir português e o sentimento de magia presentes na Serra de Sintra não passam aqui despercebidos.
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Caminho dos Frades - GPS: 38°48'00.1"N 9°23'59.2"W
Caminho dos Castanhais - GPS: 38°47'47.6"N 9°23'32.7"W
A sequência do Caminho dos Frades e do Caminho dos Castanhais proporcionava, em Sintra, um dos mais típicos passeios públicos da sociedade romântica do século XIX. Nele, cruzamo-nos com o antigo acesso à Fonte dos Amores, sob os terreiros das Quintas da Alegria e dos Seteais, bem como outras lindíssimas quintas e seus palacetes. No dos Frades destaca-se a Quinta dos Lobos ou, já no encontro com o dos Castanhais, a Quinta da Cabeça, tão de agrado de Almeida Garrett, que ali se hospedou desde os seus 17 anos de idade, inspirando-se para escrever peças de teatro como o Imprompto de Sintra (porque não concluída).
Refira-se, igualmente, já mais próxima do regresso à urbe, a Quinta dos Castanhaes, com os seus socalcos, suavizando a encosta em que se encontra. Esta Quinta, situada na antiga rua da Ponte Redonda, que terminava em Galamares, deu guarida a Eça de Queirós e sua mulher D. Emília de Castro, Condessa de Resende, que teimava em tropeçar nos seus socalcos. O regresso à Vila dá-se junto aos antigos e pitorescos lavabos, destacando-se a frontaria da Igreja de S. Martinho, imponente, lá no alto, mirando o histórico caminho, o verde da serra e a planície saloia espraiando-se até ao mar.
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GPS: 38°47'38.5"N 9°25'13.5"W
Propriedade romântica sintrense que evoca paragens exóticas de outros tempos e que viu iniciar a sua ocupação palaciana quando o comerciante inglês Gerald de Visme, aí mandou construir um edifício neogótico. Este foi também o local de devaneio onírico do escritor inglês William Beckford, quando, entre 1793-99, aqui estanciou.
Mesmo em ruínas a propriedade sempre atraiu muitos visitantes estrangeiros, como aconteceu em 1809 com lord Byron, que imortalizou Monserrate no seu poema “Childe Harold’s Pilgrimage”.
Em 1846 Sir Francis Cook, um comerciante e colecionador de arte inglês encantou-se com o espaço e aí mandou edificar um novo palácio que, apesar de manter a estrutura do anterior, combina ao nível da decoração influências góticas, indianas e sugestões mouriscas. Também o parque foi intervencionado surgindo-nos como um dos mais belos jardins botânicos "à inglesa" na Europa, convidando ao deslumbramento. Das falsas ruínas aos feéricos burburinhos das suas cascatas, quem visita Monserrate não se surpreenderia se aqui deparasse com seres mágicos e fantásticos, apenas passíveis de existirem no maravilhoso mundo dos contos infantis.
O parque e palácio terão sido também visitados com deleite por Hans Christian Andersen em 1866, que terá chamado a Monserrate "uma verdadeira vinheta das «Mil e Uma Noites»”, uma visão de conto de fadas".