MAT | Museu Anjos Teixeira
O visitante, ao percorrer as salas do Museu Anjos Teixeira, facilmente descobrirá os modelos e as maquetas de muitas das obras que engalanam e ornamentam as praças, as ruas, os edifícios, as instituições e as avenidas de Portugal, resultando isso numa mais valia e numa maior proximidade entre o utente e as diversas coleções expostas (escultura, desenho, medalhística, pintura, correspondência e fotografia).
A 24 de Setembro de 1974, Mestre Pedro Augusto dos Anjos Teixeira (1908-1997) legou oficialmente à Edilidade Sintrense todo o seu espólio e, ainda, boa parte do de seu pai, Artur Gaspar dos Anjos Teixeira (1880-1935), ficando, deste modo, as obras de dois grandes Mestres Escultores contemporâneos, reunidas no mesmo espaço, o qual abre ao público apenas em 1976.
Desde esta data e até 1982, esteve em exibição a quase totalidade dos trabalhos escultóricos destes dois artistas cujas temáticas vão desde a anatomia humana e animal, até à fixação de costumes e de figuras populares, passando pelas esculturas religiosas, pelos retratos de personalidades e pelas conceções que exploram a vivência dos trabalhadores e as diversas profissões, altura em que a velha serração é fechada para obras de restauro, remodelação e ampliação integrais, de acordo com a escritura de doação de 1974, em que a Câmara de Sintra ficou obrigada à construção de dependências para uso privado do doador.
Neste contexto, passou o Mestre a residir no edifício, transformando-o numa Casa-Museu pública e num Atelier vivo, onde deu aulas de Escultura a jovens, entre 1977 e 1992.
Mais recentemente, o Museu sofreu obras de beneficiação no seu interior, tendo-se optado pela pintura de paredes e peanhas em tons mais claros, por forma a destrinçar o que é infraestrutural daquilo que está exposto, tendo-se, igualmente, procedido ao tabelamento de todas as peças expostas.
O visitante, ao percorrer as Salas deste espaço museológico, facilmente descobrirá os modelos e as maquetas de muitas das obras que engalanam e ornamentam as praças, as ruas, os edifícios, as instituições e as avenidas de Portugal, resultando isso numa mais-valia e numa maior proximidade entre o utente e as Coleções expostas (escultura, desenho, medalhística, pintura, correspondência e fotografia).
15 de setembro de 2020 a 10 de janeiro de 2021
O Monumento ao Trabalhador Rural, de Pedro Anjos Teixeira
25, 26 e 27 setembro 2020
Horário:
terça-feira a sexta-feira: 10h00 às 18h00
sábados e domingos: 12h00 às 18h00
Encerra à segunda-feira
Encerra nos feriados:
- 01 de janeiro;
- Domingo de Páscoa;
- 01 de maio;
- 24, 25 e 31 de dezembro.
Não necessita de reserva.
Marcação de visitas guiadas:
Tel.: +351 219 238 827
E-mail: dbmu.museu.ateixeira@cm-sintra.pt
Azinhaga da Sardinha
Volta do Duche - Rio do Porto
2710-631 Sintra
Contactos:
Tel.: +351 219 238 827
E-mail: dbmu.museu.ateixeira@cm-sintra.pt
O filho de Artur Anjos Teixeira terá um percurso exclusivamente nacional (metrópole e ilhas adjacentes). Aprende com o pai, forma-se em escultura e, anos mais tarde, em Ciências Pedagógicas, a fim de poder lecionar.
O seu rumo artístico está indelevelmente marcado pela Ditadura e pela oposição que lhe faz, conjuntamente com muitos outros artistas de Esquerda. É desta forma que chega a Presidente da Sociedade Nacional de Belas-Artes (SNBA), incluído num grupo de vozes artísticas discordantes do regime e em particular do rumo académico e retrógrado da SNBA.
Estamos em plena década de 1940 e o seu nome surge ligado ao Neo-realismo. Esta preocupação de representação artística do mundo trabalhador nunca o largará.
Mas o universo temático de Pedro Anjos Teixeira extravasa o mero contexto político. Quer porque, para isso, tenha sido obrigado, a fim de sobreviver, a executar diversos trabalhos de encomenda, da medalhística ao retrato; quer porque, tal como o seu pai, tinha predileção pela representação do corpo humano, o feminino em particular, e, pelos animais.
A sua obra é vasta nas diversas temáticas apontadas. As suas mulheres ainda hoje carregam essa áurea de sensualidade; os seus trabalhadores estão tão fortes e pujantes como aquando da criação; os seus animais alternam entre a força da besta e a beleza da fragilidade, quase vivos ao toque; o seu desenho, ainda nos cativa e impressiona. Uma pequena nota também para a música que tanto amou - tocava violino e violeta -, e que também encontra expressão nas suas obras.
Podemos mesmo afirmar que Pedro Anjos Teixeira continuou o legado artístico de seu pai, procurando ele próprio novos caminhos e novas fórmulas. Por isso, também escreve. Com caráter formativo, expondo o seu conhecimento através das obras Tecnologias da Escultura e Anatomia Artística do Homem & Comparada dos Animais (2 vol.), e, também, pedagógico, em duas obras dirigidas às crianças: História de Grilos Amigos da Minha Infância e Memórias d' um Grão de Trigo, para além dos inúmeros textos que, à laia de reporter, noticiava e comentava todos os acontecimentos artísticos ocorridos na Madeira, em Portugal e na Europa do seu tempo.
Com 27 anos já se encontra em Paris, como bolsista do Legado Valmor. A capital francesa fervilhava de intensidade artística e Anjos Teixeira não desperdiçará a oportunidade. Expõe com sucesso e notoriedade e as suas obras, o Fauno e a Ninfa, figurarão em plinto próprio e com lugar de destaque.
O seu trabalho, entre um naturalismo e um simbolismo quase lírico atinge a perfeição com as obras onde retrata o corpo feminino. As mulheres surgem, ora só nos bustos, ora de corpo inteiro, ora em composições, como motivo maior e delicado. Disso são exemplos o Busto de Nini Norte ou Varina, atando o pé.
Artur Anjos Teixeira era um excelente desenhador e disso são prova os seus inúmeros apontamentos de bloco de notas, ora em viagens, ora retratando os ratos que descobre passeando em sua casa, ora nos costumes que retrata. Mas também consegue ironia pura, como a que encontramos numa quase caricatura em três dimensões, o Baloiço.
Também pintou. Percebemos isso nas obras que se encontram em fotografias antigas de atelier, mas também pelo pequeno e sobrevivente óleo exposto no Museu. Trata-se de uma natureza morta, Frigideira com carne, em jeito de apontamento, não assinado, mas reconhecido no verso por Pedro Anjos Teixeira.
Ao olharmos para o que hoje constitui o seu legado, percebemos a angústia que sabemos ter vivido, num país que pouco lhe reconheceu o génio. Como muitos da sua geração, viu em Paris um caminho que depois não continuou.
Ainda assim, encontra-se representado em diversos Museus e Coleções, bem como referenciado em diversa bibliografia.