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MASMO | Museu Arqueológico de S. Miguel de Odrinhas

O Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas remonta, nas suas origens, a meados do século XVI. Nessa época e por iniciativa de alguns eruditos, entre os quais se terá destacado Francisco d´Ollanda, começou-se a juntar, em torno da ermida local, uma importante coleção de inscrições romanas oriundas dos campos e aldeias circundantes.


Em 1955 e após vários séculos de abandono, entendeu a Câmara Municipal de Sintra construir ali uma pequena casa que abrigasse tão significativos monumentos, procedendo ainda à escavação arqueológica e valorização das ruínas romanas adjacentes.

Hoje, a coleção lapidar atinge mais de 400 peças, às quais se vêm a somar muitas outras - largos milhares - de diversa tipologia, entre moedas, objetos cerâmicos, líticos, metálicos, osteológicos, etc..

A exposição do Museu articula-se em torno de 2 áreas distintas, embora complementares:
  • Secção Epigráfica, que abrange algo mais de 2 milénios, desde a época etrusca à Idade Moderna, com especial menção para o conjunto de lápides romanas, reconhecidamente um dos mais importantes da Península Ibérica;
  • Secção Arqueológica, que reúne muitos milhares de peças exumadas nas numerosas estações arqueológicas do Termo de Sintra, desde o Paleolítico Médio ao século XVIII, destacando-se, pelo seu especial significado, os núcleos neolíticos, calcolíticos e da época romana.
O acervo do Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas é composto maioritariamente por coleções de arqueologia provenientes, quase na totalidade, das diversas estações arqueológicas existentes no concelho de Sintra.

Sítio Arqueológico do Alto da Vigia | Praia das Maçãs, Colares

Remontam ao século XVI as informações mais antigas que indicam a existência de um santuário romano junto à foz do Rio de Colares. São da autoria de Valentim Fernandes, em 1505; e de Francisco d’Ollanda, por volta de 1541. Este autor inclui na sua obra "Da Fábrica que falece à cidade de Lisboa" o desenho das estruturas que então terá conseguido observar e que pertenceriam ao santuário romano.


A identificação daquelas ruínas no séc. XVI corresponde à primeira descoberta arqueológica feita em Portugal. A importância do local foi largamente reconhecida na época, passando a ser ponto de visita obrigatória para os eruditos, portugueses e estrangeiros, durante o Renascimento. Entre os ilustres visitantes que acorreram ao local, destaca-se a presença de Francisco d’Ollanda e de André de Resende, mas também de elementos da família Real, nomeadamente do Rei D. Manuel I e, mais tarde, do Infante D. Luís, irmão de D. João III.

Tais descrições indicam que o sítio terá permanecido visitável durante quase todo o século XVI, altura a partir da qual as estruturas terão pouco a pouco deixado de estar visíveis, contribuindo desta forma para uma certa confusão relativamente à sua localização precisa.

Apesar de tudo, a memória de um santuário romano no litoral sintrense permaneceu, embora se ignorasse agora a sua localização exata. Os vários estudos e trabalhos científicos recentemente desenvolvidos acabariam por apontar para um pequeno outeiro sobranceiro à Praia das Maçãs, onde ainda hoje se conservam os micro-topónimos Alto da Vigia e Alconchel.

Foi precisamente nesse pequeno promontório, na margem esquerda daquela Ribeira, que a equipa do Museu de Odrinhas iniciou uma intervenção em 2008, junto das estruturas de uma torre de facho de época Moderna que ainda se encontravam parcialmente visíveis.

A intervenção arqueológica levada a cabo pela equipa do Museu de Odrinhas permitiu já confirmar a existência naquela zona de um santuário romano monumental, bem como a caraterização dos alicerces parcialmente visíveis como pertencentes a uma torre de facho dos inícios do séc. XVI. Foi ainda surpreendentemente identificado um importante conjunto de vestígios de época islâmica, totalmente desconhecidos até então, mas para os quais o topónimo Alconchel (al-concilium) parece apontar.


Os testemunhos arquitetónicos de época islâmica correspondem a umribat ('convento'), tendo sido, até ao momento, identificado um conjunto arquitetónico constituído por várias salas, destacando-se uma delas pela presença de um mirhab orientado para Sudeste, virtualmente no sentido de Meca.

A presença de restos de materiais de utilização quotidiana associados à ocupação islâmica é bastante residual. No entanto, foram recolhidos alguns fragmentos de cerâmica com cronologia do séc. XII, que assinalam provavelmente a fase final de ocupação. De salientar a grande quantidade de conchas, algumas ainda associadas a vestígios de fogueiras, indícios do aproveitamento dos recursos marinhos disponíveis no local.

Para além dos edifícios, foi também identificada uma área de necrópole com várias sepulturas, hoje sem qualquer vestígio de espólio arqueológico ou osteológico no interior e que, tudo leva a crer, estarão associadas à fase de ocupação islâmica do sítio.

Na edificação das estruturas do ribat foram utilizados múltiplos elementos arquitetónicos de época romana, onde se incluem algumas inscrições, que testemunham a existência no local de um importante santuário romano, para a existência do qual já apontavam os relatos de Valentim Fernandes e de Francisco d’Ollanda no séc. XVI.

A importância do santuário na época romana está refletida no facto dos votos conhecidos até agora, expressos pela saúde do imperador e eternidade do Império, serem colocados não por devotos particulares, nem sequer pelas elites locais ou provinciais, mas apenas por detentores de altos cargos imperiais, nomeadamente governadores da Lusitânia ou legados do Imperador, embora por vezes através do senado de Olisipo, município em cujo território se localizava este santuário.

Nas escavações foi desde já recuperada uma nova inscrição que atesta a importância do local, sendo dedicada ao Sol e ao Oceano por um Procurador dos Augustos e sua família. Para além daquela ara e de uma inscrição funerária da época de Augusto - ou seja, anterior ao próprio santuário - foram recolhidos outros elementos arquitetónicos romanos com alguma monumentalidade, nomeadamente uma imposta moldurada, fragmentos de coluna, de ara e grandes blocos de construção.

As construções de período islâmico encontram-se em muitos casos bastante destruídas devido à remoção de elementos pétreos de grandes dimensões, dos quais muitas vezes apenas subsiste o negativo da forma conservado na argamassa do alicerce onde assentavam, ou apenas as pedras mais pequenas utilizadas como cunhas dentro das valas das fundações. Porém, alguns desses blocos de grandes dimensões ou de melhor qualidade no talhe ainda se conservavam nas paredes. É provável que a remoção daqueles elementos esteja relacionada com a construção da torre de facho nos inícios do séc. XVI, quando as estruturas islâmicas foram parcialmente utilizadas como "pedreira".
Entrada gratuita

Horário:

Terça-feira a sábado: 10h00 às 13h00 e 14h00 às 18h00
Encerra ao domingo e segunda-feira | A Biblioteca encerra durante o mês de agosto
Feriados: 12h00 às 18h00

Encerra nos feriados:

  • 01 de janeiro;
  • Domingo de Páscoa;
  • 01 de maio;
  • 24, 25 e 31 de dezembro.


Não necessita de reserva.

Marcação de visitas guiadas:
Tel: +351 9238608
E-mail: dbmu.masmo.geral@cm-sintra.pt

Participação em atividades específicas:
Oficinas Educativas ou Visitas Teatralizadas | 4,00€ (sem redução)
Noites do Museu | 3,00€ (sem redução)

Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas
Avenida Prof. Dr. D. Fernando de Almeida
São Miguel de Odrinhas - Sintra
2705-739 São João das Lampas

Contactos:
Tel: +351 219 238 608
E-mail: dbmu.masmo.geral@cm-sintra.pt | dbmu.masmo.divulgacao@cm-sintra.pt 

Acessos:
Estrada Nacional 247 (Sintra-Ericeira), cruzamento para São Miguel de Odrinhas.
Autocarros da Mafrense, percurso Portela de Sintra-Ericeira, saindo na paragem da Barreira.