Centro Cultural Olga Cadaval
O Centro Cultural Olga Cadaval insere-se no programa de revitalização cultural do país em que a vertente de recuperação dos espaços cénicos existentes é de extrema importância. Neste caso específico a recuperação deste edifício tornou-se ainda mais primordial na ascensão de Sintra a Património Mundial da UNESCO.
Um evento como o Festival de Sintra e a proximidade ao MU.SA - Museu das Artes de Sintra são argumentos de fundo que pesam na amplitude e na natureza do programa cultural, do projecto geral de arquitectura e do projecto cénico.
Inserido no "boom" da construção de cinemas em Portugal e após diversas alterações ao projeto original, o Cine Teatro Carlos Manuel foi construído em 1945, projeto da autoria do Arquiteto Joaquim Norte Junior. Não sendo a mais significativa obra deste arquiteto, foi considerada como representativa de um estilo modernista tardio com elementos Art Deco, pertencendo também à classe tipológica funcional "Teatro à Italiana".
A primeira sala de cinema, anterior ao Cine Teatro Carlos Manuel
Tendo sido durante 40 anos um espaço representativo do quotidiano social e cultural de Sintra, o incêndio de 1985 viria a atingir não só o espaço físico mas também as reminiscências à retórica estética deste meio regional. As matinés carnavalescas e os concertos de Natal são apenas alguns dos exemplos das atividades que marcariam memórias deste teatro.
Grande parte do edifício foi destruído. O palco, os bastidores, o fosso de orquestra, a plateia e grande parte do balcão arderam.
Até à posterior reconversão e reabilitação do Cine Teatro Carlos Manuel para o Centro Cultural Olga Cadaval, Sintra contou com o apoio dos espaços disponíveis para aí albergarem os pontuais eventos culturais. A Trienal de Sintra e a Companhia de Teatro de Sintra foram alguns dos espaços utilizados.
Três anos após o incêndio iniciaram-se os primeiros estudos que pretendiam viabilizar uma mais vasta utilização do edifício.
Sendo a Vila de Sintra já conhecida por albergar diversos eventos culturais, seria de todo útil a existência de um espaço com capacidade para responder às necessidades de tais eventos.
Os primeiros resultados desses estudos apontavam para a criação de um auditório com cerca de 1200 lugares destinado a Ópera, Teatro, Concertos e Dança, e uma sala polivalente (estudio de cinema/sala de congressos) com capacidade para 200 a 300 lugares. No entanto estas conclusões viriam a ser avaliadas e alteradas para salvaguarda do projeto original.
O Grande Auditório - hoje denominado Auditório Jorge Sampaio - veria reduzida a lotação mas alargada a sua funcionalidade. Os 1000 lugares disponíveis passaram a estar distribuídos não só pela Plateia e Balcão mas também pelas novas Galerias interiores.
Esta sala não só passou a contar com a possibilidade de realização de congressos apoiados pelas cabines de tradução, mas também com melhores condições a nível cénico. A boca de cena, ligação com o corpo de cena, foi alargada para 14m de largura e 9m de altura.
O Centro passou a contar com salas de ensaios e espaços de apoio técnico capazes de dar resposta às exigências do novo programa.
Na zona da plateia o pavimento foi reconstruído e foram adicionados aos estudos iniciais régies de tradução, sonorização, iluminação e projeção. Na zona da caixa de palco foram englobados, num piso inferior, o fosso de orquestra e o sub-palco, ambos com estruturas que possibilitam a sua elevação permitindo uma variedade de configurações para melhor adaptação ao espetáculo em causa.
É ainda de referir que os dois auditórios que constituem o Centro Cultural - auditórios Jorge Sampaio (grande) e Acácio Barreiros (pequeno) - são apoiados por várias salas de ensaio (sendo a principal de dimensões semelhantes à cena do Auditório Jorge Sampaio), um conjunto de camarins coletivos e individuais, em condições de receber qualquer produção do circuito nacional e internacional e zonas de trabalho e armazenamento.