Leal da Câmara, caricaturista republicano assumido, Simões Sobrinho Júnior, escultor do busto da República, Stuart Carvalhais, um dos pioneiros da banda desenhada portuguesa (com personagens retratando as lutas republicanas), mas também Norte Júnior, Alberto de Sousa, Artur Anjos Teixeira ou Mily Possoz, entre outros, são agentes que ligam indelevelmente o nome de Sintra ao advento da República. Uns e outros, de forma mais convicta ou por simpatia com a causa republicana, farão parte das memórias da criação de um novo regime. Na defesa do Estado republicano e – mais tarde, da própria Liberdade – outros artistas estarão na primeira linha desses ideais.

A presente exposição, com mais de três dezenas de artistas, procura, no património municipal, esses sinais, uns mais óbvios – batalhando pelos ideais republicanos –, outros sem essa carga ideológica mas, ainda assim registos desses tempos onde novos talentos tentam romper com a arte estabelecida – como atestam as sucessivas exposições dos chamados modernistas a partir da segunda década do século XX.

Por outro lado, constata-se ainda que diversos artistas encontram nos mestres de oitocentos como João Cristino da Silva ou Alfredo Keil inspiração necessária, continuando um lado conservador na abordagem artística que propõem.

Rutura e continuidade na arte nem sempre serão respetivamente coincidentes com a luta republicana ou monárquica, mostrando a situação complexa da realidade política de então.

A exposição lembra ainda três nomes indelevelmente ligados à recente História de Sintra: José Alfredo, Maria Almira Medina e Pedro Anjos Teixeira, artistas e autênticos agentes culturais, mas também defensores de uma República democrática.