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Roteiro Medieval
Numa atmosfera fascinante de cenários históricos e lendas, propõe-se um percurso abrangente das três zonas medievais sintrenses (Castelo, Arrabalde e Vila), com especial relevo para o Palácio Nacional de Sintra, malha urbana, Castelo dos Mouros e Igrejas coevas, não esquecendo, todo um conjunto de particularidades da realidade cultural saloia.
Cada pedra que pisamos ao percorrer as calçadas e ruas da velha urbe conta-nos uma história, uma curiosidade que nos remete, não apenas para a realidade sintrense, mas também para a universalidade da cultura portuguesa. Venha descobri-las!
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Os vestígios desses tempos não são muitos e é preciso mergulhar no espírito da época para descortinar na atualidade a génese medieva de Sintra.
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GPS: 38°47’51.1”N 9°23’26.2”W
O maior e mais significativo palácio medieval e renascentista português, nasceu no Chão de Oliva, sobre uma antiga alcáçova árabe, tendo sido muito apreciado por D. Dinis e D. Fernando I. Foi no reinado de D. João I que se fizeram as primeiras grandes obras no monumento. Uma segunda campanha construtiva acrescentou ao palácio a sala manuelina, conferindo-lhe parte do aspeto que hoje conhecemos.
Sob as colossais chaminés que se tornaram um ícone de Sintra encontramos um palácio singular em que os espaços abertos e fechados se intercalam numa harmonia arabizante, onde nos fascinamos com a maior coleção de azulejos mudéjares do mundo, onde sobressai a beleza das salas árabe, dos cisnes ou dos brasões e onde a capela anuncia o culto do Divino Espirito Santo introduzido pela Rainha Santa Isabel.
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Saindo da Praça da Republica e atravessando o Arco do Teixeira encontramos o Beco da Judiaria, topónimo que nos remete para a presença do bairro judeu. Neste ponto situavam-se, outrora, os portais de acesso ao bairro e a sinagoga, localizada no terceiro prédio à esquerda, após a entrada do Beco. Estes portais fechavam-se ao anoitecer impedindo os judeus de circular livremente na vila. São conhecidas as queixas dos sintrenses a Afonso V, único rei nado e morto no Paço Real de Sintra, contra uma possível extensão do comércio judeu para lá do beco, o que foi de imediato proibido. Só no reinado de D. Manuel o comércio judaico foi definitivamente enquadrado no resto do povoado.
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Depois da conquista de Sintra o rei D. Afonso Henriques entregou a D. Gualdim Pais e à Ordem Templária, de que era Grão Mestre a defesa do território. Onde hoje vemos os cafés Paris e Central, estavam casas que, outrora, eram dos muitos bens que a ordem religiosa e militar possuía em terras sintrenses. Uma sala subterrânea abobadada, ali existente, pode ter sido um hipógeo (templo de traça bizantina), onde os membros da ordem se reuniam secretamente e que teria ligações subterrâneas ao Paço Real. Um respiradouro desta estrutura ainda é visível na escura Rua dos Arcos.
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Não se sabe ao certo qual a verdadeira data da fundação da primeira instituição de beneficência de Sintra. Alguns autores arvoram uma cronologia anterior ao século XIV, mas advoga-se a possibilidade de uma data mais recuada.
A capela de invocação Mariana data de 1545, quando D. Catarina (esposa de D. João III) institui a Confraria da Santa Casa da Misericórdia de Sintra. Um conjunto de obras realizado em 1930, que visava o alargamento da via pública, reduziu-a à capela-mor e aos altares laterais, não existindo, por isso, quaisquer vestígios da nave e restantes dependências.
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Construído numa zona de menor declive, no sopé da Serra, o centro histórico ou “Vila Velha” desenvolve-se entre o antigo Paço Real e a própria Serra, adaptando-se aos declives e à constituição morfológica do espaço. Uma vasta praça pública está adjacente ao Palácio e organiza o tecido urbano.
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A igreja paroquial situada na Vila de Sintra, foi fundada no século XIII mais precisamente, a partir de 1283, ano em que lhe são ordenados e concedidos estatutos, os quais, no entanto, somente em 1306 obtiveram aprovação.
Da primitiva construção, devastada pelo terramoto, restam apenas os panos cegos da abside contrafortada, mesmo esses já refeitos pelas obras de pedraria da reconstrução de 1773, e a belíssima lápide gótica de Margarida Fernandes (1334) que adorna no exterior o flanco direito do templo.
Hoje, o edifício mantém a traça setecentista pombalina, apresentando uma frontaria austera e provida de galilé.
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Descendo a Rua Gil Vicente, passamos pelo Restaurante Tulhas, onde foram encontramos dois silos medievais e, no casario adiante, depois de efetuadas escavações arqueológicas foram encontradas importantes peças de cerâmica coeva, hoje guardadas no Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas.
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GPS: 38°47’47.4”N9°23’27.7”W
Subindo as escadinhas Félix Nunes podemos ainda encontrar, do lado direito, embutido no muro dos jardins do Palácio dos Ribafria, um arco gótico.
Quando, mais adiante, encontramos a histórica fonte, a primeira imagem que temos é a que data do século XVIII, contudo a sua história é bem mais antiga, sendo já mencionada num documento de 1369.
Em 1758, a Fonte da Pipa é referida como tendo uma água excelente que era aproveitada pela maioria dos moradores da vila.
A rainha D. Maria I, tendo conhecimento de que a água estava a ser desviada para o Palácio dos Ribafria pelo seu proprietário, o marquês de Pombal, mandou refazer a fonte para devolver a água à população, como comprova a gravação do espaldar, localizada sob a pedra de armas real.
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GPS: 38°47’37.6”N 9°23’05.6”W
Mandada erigir por D. Afonso Henriques, na sequência da tomada de Sintra aos mouros, em 1147, permaneceu como propriedade da coroa e sob a proteção real até à dinastia de Avis, altura em que é transferida para a posse das rainhas.
Na sequência da conquista de Arzila, esta igreja foi doada pela rainha D. Leonor, mulher de D. Afonso V, à Ordem de Cristo.
Por altura da sua construção e até ao último quartel do século XIII, a igreja não passava de uma pequena ermida. O edifício original foi demolido para ali se construir o templo definitivo. Danificada pelo terramoto de 1755, sem que, porém, fossem atingidos elementos estruturais, foi posteriormente recuperada.
O corpo da igreja é muito simples, com três naves separadas por arcadas com pilares monocilíndricos e uma cabeceira de planta poligonal. Destacam-se no conjunto os capitéis vegetalistas e naturalistas das colunas, bem como o desenho das impostas, a pia batismal e o pórtico gótico.
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GPS: 38°47’32.9”N 9°23’06.8”W
Nas suas origens medievas do convento esteve numa ermida consagrada a Santo Amaro, destino de muitas romarias de gentes de Sintra e de Cascais.
O primitivo convento foi mandado erigir por D. João I, apiedado pelas más condições em que viviam os frades mas, ao longo dos tempos, o imóvel recebeu várias intervenções de reconstrução e restauro.
O Convento da Santíssima Trindade, ou Trino do Arrabalde, é uma construção longilínea, iluminada por um conjunto de pequenas janelas situadas no primeiro andar. Destacam-se no conjunto os claustros e azulejos setecentistas.
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Esta capela é o mais antigo templo de Sintra, tendo sido mandado edificar por D. Afonso Henriques, no perímetro do Castelo dos Mouros.
Com o despovoamento da zona fortificada e a transferência do núcleo urbano para o atual centro histórico a capela foi votada ao abandono e substituída pela igreja paroquial de S. Pedro de Penaferrim - paróquia que até ao reinado D. Pedro I agregava todo o atual concelho de Cascais.
Inserida no sonho romântico de D. Fernando II, foi por este consolidada e, em parte recuperada, mantendo o ar de ruína, que se integrava no espírito do Parque da Pena.
Uma velha escultura gótica de pedra representando o santo padroeiro, que pertencia à primitiva capela, encontra-se hoje na referida igreja paroquial.
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Implantado num dos picos da Serra, sobranceiro à Vila, com as muralhas a serpentear pelo verde romântico, eis o denominado Castelo dos Mouros, por estes edificado no século VIII e restaurado pelo rei D. Fernando II. Palco de conquistas e reconquistas foi definitivamente tomado por D. Afonso Henriques em 1147, na sequência das conquistas de Santarém e Lisboa.
Depois da conquista cristã o castelo foi progressivamente perdendo a sua importância militar tendo sido deixado ao abandono.
Para além das belas vistas que nos proporciona, ainda podemos contemplar as cisternas árabes, a zona mor da antiga alcáçova - situada junto à torre Norte, as velhas cavalariças, a Porta Árabe, a Torre Real, assim chamada, por ser um dos pontos privilegiados pelo Rei Artista para observar o seu Palácio da Pena.