Mergulhada numa frequente bruma ou nevoeiro, consequência da elevada humidade que tanto atrai como repele os forasteiros e razão do verde frequentemente intoxicante da sua paisagem, Sintra é, nas palavras de Hans Cristian Andresen, a região ou o reino das nuvens. Ou seja, da bruma, da névoa e, por isso, do orvalho. Um território entre a terra e o céu, simultaneamente bafejada e amaldiçoada pelos fenómenos de ambos os mundos. Uns luminosos e aéreos, outros obscuros e terrenos. Lugar de correntes de ar intensas e contraditórias nas suas trajetórias, Sintra é também um local de abruptas mutações atmosféricas, desde a clareza à obscuridade, da intensa luminosidade e fulgor cromático até às sombras geradas pelas suas altas sequoias sempervirens ou trazidas pelas massas de nuvens em acelerada progressão. Este paraíso de Júpiter (ou Zeus), de Diana (ou Ártemis) e de Neptuno (ou Poseidon), é ainda uma região habitada por Titânia e Oberon, por ninfas, nereidas e tritões. E nele os nossos olhos descobrem um mundo impermanente, em contínua transfiguração e metamorfose e, por isso, constantemente novo.

Plunged in a frequent mist or fog, as a consequence of the high humidity which both attracts and repels outsiders and the reason for the often intoxicating green of its landscape, Sintra is, in the words of Hans Christian Andersen, the region or the kingdom of clouds. In other words, of the mist, of the fog and, therefore, of the dew. A territory between earth and sky, simultaneously blessed and cursed by the phenomena of both worlds. Some bright and aerial, others obscure and earthly. A place of intense air currents, contradictory in their trajectories, Sintra is also a place of abrupt atmospheric mutations, from clarity to obscurity, from intense luminosity and chromatic glow to the shadows of its high redwoods or brought by the masses of clouds in accelerated progression. This paradise of Jupiter (or Zeus), Diana (or Artemis) and Neptune (or Poseidon), is also a region inhabited by Titania and Oberon, by nymphs, nereids and mermen. In it, our eyes discover an impermanent world, in continuous transfiguration and metamorphosis, constantly new.