Se o céu, entendido como ar, espaço e atmosfera, é algo que rodeia completamente o nosso corpo, a verdade é que o modo como culturalmente o concebemos, imaginamos e percepcionamos é bastante diferente. Desde logo, porque para nós a ideia de céu é indissociável de um olhar para o alto e da concepção, visão e imaginação de uma longínqua região superior. Da terra até ao zénite, esse ponto imaginário situado na não menos imaginária abóbada celeste, o céu é igualmente o caminho que percorremos até ao mais distante e incerto dos mundos que julgamos existir. É o nadir, o lugar onde projetamos as nossas ansiedades e aspirações, receios e esperanças, mas também as nossas ideias de beleza e de sublime e onde julgamos reconhecer os sinais que revelam o que está para vir. Sintra e a sua montanha, a mons lunae ou montanha da Lua, é, desde tempos imemoriais, a montanha sagrada ou, pelo menos, a montanha mágica à qual, desde que Petrarca (1304-1374) escalou o Monte Ventor a 26 de Abril de 1336, queremos ascender em busca de nós mesmos. Esperando chegar ao topo sem cair.