Fundação CulturSintra adquire Paço dos Ribafria na Vila de Sintra

A Fundação CulturSintra assinou, esta sexta-feira, a escritura pública de aquisição do imóvel Paço dos Ribafria, no valor de 5 milhões e 500 mil euros. 

A cerimónia contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Sintra, Basílio Horta, e marcou o momento da aquisição do primeiro imóvel adquirido pela Fundação CulturSintra, instituição presidida por Bruno Parreira, com vista à promoção de atividades culturais e à realização de um projeto museográfico.

Basílio Horta, salientou que se trata "do único palácio renascentista que há no concelho e tem um valor histórico e cultural muito grande. É um ativo muito significativo para o nosso concelho”.

O imóvel, agora adquirido pela Fundação, irá ser objeto de trabalhos de requalificação de modo a tornar este espaço visitável. Além disso, será também palco para iniciativas culturais, como concertos, conferências e receções de chefes de Estado em visitas oficiais ao município.

O Paço dos Ribafria remonta ao século XVI, encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público (IIP), e é o único edifício de arquitetura nobre particular da Vila de Sintra que ainda mantém a sua estrutura quinhentista, e integra uma casa senhorial e uma capela privativa rodeados por amplos jardins, assumindo-se como uma das casas mais relevantes do Centro Histórico de Sintra.

A construção do imóvel, inserido no centro histórico, dentro da área classificada Património Mundial pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), foi promovida no período da Renascença por Gaspar Gonçalves, que provinha de origens humildes, mas que por merecer a confiança da Casa Real, detinha uma apreciável fortuna.

Gaspar Gonçalves desempenhava funções de almoxarife do Paço Real, que terá sido importante para o desenvolvimento da carreira pública do seu irmão Gaspar, iniciada ao serviço de D. Manuel I, que em 1518, lhe concedeu o importante cargo de porteiro-mor da Câmara Real, quando o monarca passava largas temporadas em Sintra.

Na década de 1530, Gaspar Gonçalves mandou erguer a sua casa próxima do Palácio Real na vila de Sintra, admitindo-se que tenha encomendado a obra ao arquiteto e mestre de obras Pêro Pexão.

O Paço dos Ribafria tem influências da renascença italiana aliadas ao gótico final, sob o signo do manuelino, articulam-se para unir os três volumes paralelepipédicos dispostos em forma de U e permitem ao conjunto um resultado harmonioso de rara beleza estética por estas paragens sintrenses.

A Coroa instituiu, em 1541, o morgadio de Ribafria, e o rei D. João III concedeu a Gaspar Gonçalves carta de brasão e o título de Senhor de Ribafria, que iniciou as obras da Torre dos Ribafria, num vale junto ao sopé da serra, e em 1569 recebeu, já durante o reinado de D. Sebastião, o cargo de Alcaide-mor de Sintra.

No século XVIII, a propriedade foi legada a Sebastião José de Carvalho e Melo, conde de Oeiras e Marquês de Pombal, que promoveu obras de beneficiação e modernização.

 

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