O Som e a Furia - Teatromosca

OSomeaFuria

Apetece-nos, e em jeito de agradecimento, saudar os que connosco estiveram nos dias 12 e 13 de dezembro no Auditório António Silva, Cacém, e que também connosco fizeram, fizemos, a estreia do espetáculo O SOM E A FÚRIA, texto original de William Faulkner, de que o teatromosca fará carreira - a agenda do espetáculo será longa, bem andada de norte a sul, levanta o segundo momento da Trilogia Norte-Americana a Cascais, Braga, Amadora, Maia, Lisboa, Almada, Aveiro, Guarda entre outras cidades. Procede o espectáculo MOBY-DICK, de Herman Melville, e deixa aberto o espaço para a vinda de MERIDIANO DE SANGUE, de Cormac MacCarthy, a estrear em Novembro de 2015 em Orléans, França.

O SOM E A FÚRIA, narrativa escura densa e tecnicamente vertida para um livro que marca, marcará ainda, em negro o cânone da literatura ocidental, fazendo o declínio material, moral também, da família Compson, aristocratas do Sul dos Estados Unidos da América que feita a guerra da secessão ficam sem espaço político onde sobreviver, refazer a vida, numa sociedade que irrompe moderna, de ideologias religiosas livres, e que traziam a Europa há muito refém – agora já sem textura feudal  forçada.

Este que fazemos é um teatro vindo do interior da literatura, um teatro para ser lido, sim, para ser escutado, sim, e com isto dizemos claramente que é para ser visto, também; o traço feito será sempre da responsabilidade formal do espetador, connosco criador também, apenas em si mesmo ancorado quem vê, ilha individual de um organismo que é coletivo, a Plateia, sem cartão de identidade, quase tão abstrato.

Aqui chegados deixamos cair as definições, não temos parágrafos, que não usamos, encontrar-nos-emos depois dos aplausos, que tu nos deste, e que depois nós te devolvemos com abraços, sorrisos grandes – gostamos de ti, da tua presença, vês, encontrar-nos-emos, dizíamos, em futuras criações, que sentimos agora nos nossos pés muita estrada para andar, contigo sempre que sem ti não faz sentido – reductum absurdum, e depois o sopro da vida.

 As duas apresentações surpreenderam pela afluência de público – perto de duas centenas em apenas dois dias! -, este de diferentes idades e proveniências geográficas. Dentro da sala o ambiente foi atento, comprometido e curioso ao que se passava em palco. Em ambas as apresentações o público revelou-se divertido e disponível na comunicação com a cena e os atores. No final as reações revelaram-se muito positivas e entusiastas, ouvindo-se comentários como “cinco estrelas”, “final bombástico” ou “golpe de génio”.

No Shopping Cacém, lojistas, clientes e residentes da zona ficaram gradualmente familiarizados com a presença da equipa da companhia ao longo de um mês, assim como com os cartazes e folhetos distribuídos.

O SOM E A FÚRIA é o segundo de um conjunto de quatro espectáculos que o teatromosca apresentou neste local até ao final do ano de 2014. No final de novembro foi apresentado o espectáculo “B0X – Uma Caixa para a Liberdade” do Teatro Duas Senas, projeto desenvolvido pelo teatromosca em parceria com o CECD Mira Sintra. Dia 19 de dezembro foi a vez de “Um Monólogo” pelo Crinabel Teatro, e no dia 20 o espetáculo “Juste de Jeux”, do Collectif Craie em coprodução com o Théâtre de Vénissieux. O teatromosca voltará a este espaço certamente em 2015 – talvez de uma vez por todas -, porque aqui temos todas as condições para a criação e apresentação dos nossos espetáculos e para o acolhimento dos projetos de outras estruturas. O saldo é francamente positivo, dizemos nós e o público. Venham mais!