II CICLO DE ÓRGÃO DE SINTRA
OS SONS DO DIVINO
28. ABRIL A 14. MAIO
O Órgão, como um dos instrumentos musicais mais antigos, sofreu várias modificações na sua construção e estrutura ao longo dos séculos. Foi, contudo, entre os séculos XVII e XVIII que este instrumento mais se desenvolveu e disseminou na Europa, nomeadamente nas igrejas, mosteiros e conventos apresentando diferentes características consoante a escola de construção: italiana, alemã, francesa, holandesa ou a ibérica. O Órgão torna-se, assim, indispensável no acompanhamento da Liturgia. Portugal não é excepção neste contexto.
 
Especificamente em Sintra, a Igreja de São Martinho, após os severos danos sofridos pelo terramoto de 1755, é sujeita a profundas obras de reconstrução que se concluiriam na década de setenta do século XVIII e, nesta circunstância, seria indispensável instalar na Igreja um novo Órgão que servisse a Liturgia. O projeto é entregue à família Fontanes, à época estabelecida em Lisboa e, em especial, ao jovem organeiro Joaquim Peres Fontanes (1750-1818), que viria a tornar-se um dos principais mestres organeiros em Portugal (são de sua autoria três do fabuloso conjunto de seis órgãos da Basílica de Mafra). 
O Órgão da Igreja de São Martinho, datado de 1776, é considerado como um dos primeiros, se não mesmo o primeiro, Órgão construído por Peres Fontanes e é hoje classificado como Bem de Interesse Público.
 
Este histórico Órgão de Peres Fontanes é um órgão positivo de armário, construído com fortes influências da organaria italiana possuindo mais de seis centenas de tubos. O restauro recente deste importante instrumento recupera a sua sonoridade original permitindo-nos descobrir os sons de Sintra em finais de setecentos.
 
Miguel Anastácio
(Direção Artística)
28.Abril | 21h00
Igreja de São Martinho, Sintra

CONCERTO DE ABERTURA
O período que abarca o séc. XVII e a primeira metade do séc. XVIII, que na música habitualmente se designa por Barroco, está muito marcado pelo surgimento de novos géneros e formas musicais, pela afirmação de uma significativa variedade de estilos nacionais, pelo experimentalismo, e pelo desenvolvimento da música instrumental, entre outras características. A música para tecla, que já no séc. XVI evidenciava um alto nível de desenvolvimento, não ficou alheia às novas tendências do período Barroco. Neste programa, podemos seguir alguns dos aspetos relevantes desta evolução. As obras de Correa de Arauxo denotam ainda a dependência dos modelos da polifonia vocal herdada do séc. XVI, mas onde é evidente a figuração rápida das diferentes linhas melódicas, assumindo um caráter instrumental mais autónomo. O Tiento de Médio Registro de Tiple de 8° Tono, faz uso de um dos recursos mais originais dos órgãos históricos portugueses e espanhóis: a possibilidade de usar sonoridades diferentes nas duas metades do mesmo teclado. A Tocata de Froberger é um exemplo de um dos géneros que mais contribuiu para a capacidade dramática da música instrumental, tão típica do período em causa. A arte de compor variações com base numa melodia ou numa sequência harmónica, teve um grande desenvolvimento no séc. XVI e manteve-se viva nos séculos seguintes. Dela são exemplo a Passacaglia de Merlo e a Ária Tertia de Pachelbel. O termo Sonata foi usado na primeira metade do séc. XVII, de forma pouco consistente, para intitular obras de caráter puramente instrumental, na maior parte dos casos sem recurso ao contraponto imitativo, ao estilo de melodia acompanhada e com harmonias mais simples.
(Rui Paiva)

 FRANCISCO CORREA DE ARAUXO (1575-1654)
Tiento de Quarto Tono
Tiento de Medio Registro de Tiple de 8º Tono

JOHANN JAKOB FROBERGER (1616-1667)
Tocata II em ré 

JOHANN CASPAR KERLL (1627-1693)
Passacaglia
 
JOHANN PACHELBEL (1653-1706)
Aria Tertia (do Haxachordum Apollinis - 1699)
 
DOMENICO SCARLATTI (1685-1757)
Sonata (Fuga) K. 58 em dó menor
Sonata K. 224 em ré maior (transposta para dó maior)
 
CARLOS SEIXAS (1704-1742)
Sonata n.º 42 em fá menor (das 80 Sonatas)
 Sonata n.º 25 em ré menor (das 80 Sonatas)
 
GIOVANNI BATTISTA MARTINI (1706-1784)
Sonata para órgão em sol menor
 
BALDASSARRE GALUPPI (1706-1785)
Sonata em ré menor
I. Andante
II. Allegro
III. Largo
IV. Allegro e Spiritoso
 
Rui Paiva | órgão


 
RUI PAIVA | Órgão
Concluiu o Curso de Órgão do Conservatório Nacional de Lisboa sob a orientação de Joaquim Simões da Hora, e é licenciado em Engenharia Eletrotécnica pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa. Como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, continuou os estudos de Órgão com Montserrat Torrent no Conservatório Superior de Barcelona e, sob a orientação de José Luis González Uriol, concluiu os Cursos Superiores de Cravo e de Órgão no Conservatório Superior de Zaragoza. Tem colaborado como organista e cravista com diversos conjuntos instrumentais e vocais, entre os quais os Segréis de Lisboa, o Coro e Orquestra Gulbenkian, a orquestra barroca Capela Real, o grupo de música barroca La Caccia e o Quarteto Arabesco. Como solista ou em grupo, Rui Paiva tem-se apresentado em diversos concertos no nosso país, bem como em Espanha, França, Bélgica, Itália, Holanda, Inglaterra, Croácia, Eslovénia, Polónia, E.U.A., Brasil e México. Realizou várias gravações discográficas com destaque para a música portuguesa dos séculos XVI, XVII e XVIII. Rui Paiva foi, de 1989 a 2011, professor de Órgão no Conservatório Nacional de Lisboa e é atualmente professor de Órgão e diretor da Academia de Música de Santa Cecília em Lisboa.
30.Abril | 16h00
Igreja de São Martinho, Sintra

A HERANÇA DA SÉ DE ÉVORA
O Grupo Vocal Olisipo apresenta uma seleção de obras que ilustra a evolução do estilo dos compositores ligados à Sé de Évora nas gerações que se seguiram à conhecida “idade de ouro” de Manuel Cardoso, Duarte Lobo e Filipe de Magalhães. É fascinante ver como a força da Contra-reforma e a influência da obra dos grandes mestres seiscentistas fizeram com que, paralelamente ao desenvolvimento de novos estilos musicais, a escrita no stile antico se tenha mantido até meados do século XIX. Sabemos pelos registos que a Sé de Évora teve sempre organistas ao seu serviço, pelo que podemos presumir que estes tenham acompanhado o canto polifónico como o cantochão. É este o modelo que adotaremos neste programa, no qual o órgão dobrará ou substituirá as vozes durante a interpretação das peças, improvisando também no final sobre os temas musicais. Incluímos também peças de autores contemporâneos dos primeiros autores da Escola de Música da Sé de Évora, António Carreira e Manuel Rodrigues Coelho, que seriam seguramente conhecidos dos compositores e intérpretes eborenses e cujas obras terão sido certamente ouvidas em Évora.    Esperamos que este conjunto de pequenas obras-primas, na sua maioria completamente desconhecidas do publico moderno, vos fascine, não tanto pelo fenómeno da imutabilidade estilística coexistindo com a inovação técnica ao longo de dois séculos mas, sobretudo, pela sua beleza.
(Armando Possante)

ANTÓNIO CARREIRA (c.1530-1594?)
Tento a quatro em fá *
 
MANUEL MENDES (c.1547-1605)
Alleluia
 
ESTÊVÃO LOPES MORAGO (c.1575-c.1630)
Erumpant montes. In Adventu
Montes Israel. In Adventu
Laetentur caeli. In Adventu
 
DUARTE LOBO (C.1566-1646)
Magnificat Primi Toni
 
MANUEL RODRIGUES COELHO (C. 1555 – 1635)
Kyrios do Oitavo Tom (alternatim)
 
AFONSO LOBO (FL.1770-1790)
Missa Dominicalis. pro Adventus & Quadragesimae
Kyrie
Sanctus
Agnus Dei
 
MANUEL REBELO (C.1575-1647)
Regina Caeli
 
ANTÓNIO CARREIRA (c.1530-1594?)
Canção a quatro glosada *
 
FRANCISCO MARTINS (C.1622-1680)
Plange quase virgo
 
DOGO DIAS MELGAZ (1638-1700)
Salve Regina
 
MIGUEL ANJO DO AMARAL († 1826)
Erat Jesus ejiciens. Dom. 3ª in Quadragesimae
Dicebat Jesus. Dom. Passionis
 
ANDRE RODRIGUES LOPO (fl.1770-1800)
Sepulto Domino
 
MANUEL CARDOSO (1566-1650)
Nos autem gloriari. In Quadragesimae
Mulier quae erat. In Quadragesimae
 
PEDRO VAZ REGO (1673-1736)
Beati omnes. Septimi Toni

*órgão solo
 
António Esteireiro | órgão

Grupo Vocal Olisipo
Elsa Cortez - Soprano
Maria Luísa Tavares - Meio-soprano
Lucinda Gerhardt - Meio-Soprano
Carlos Monteiro - Tenor
Armando Possante - Barítono e Direção Musical


 
ANTÓNIO ESTEIREIRO | Órgão
Natural de Lisboa, António Manuel Esteireiro realizou os seus estudos em Órgão, Música Sacra e Musicologia, em Lisboa, Regensburg, Munique e Bremen. Além de convidado regular dos principais ciclos de concertos e festivais de órgão nacionais, coordenou também vários ciclos de concertos, nomeadamente, a Integral Messiaen 2008 na Sé Patriarcal de Lisboa, e os Ciclos de Órgão da Basílica dos Mártires e do Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa, e também da Igreja de Nossa Senhora do Cabo (Linda-a-Velha). Apresentou-se também a solo em vários festivais europeus, no México e no Brasil. Atualmente leciona no Instituto Gregoriano e na Escola Superior de Música de Lisboa as disciplinas de Órgão e Improvisação.

ARMANDO POSSANTE | Direção musicalNatural de Lisboa, Fez os seus estudos musicais no Instituto Gregoriano de Lisboa e na Escola Superior de Música de Lisboa, onde concluiu os Cursos Superiores de Direcção Coral, com o Professor Christopher Bochmann, Canto Gregoriano, com a Professora Maria Helena Pires de Matos, e Canto, com o Professor Luís Madureira. Foi-lhe atribuído o Título de Especialista em Canto pelo Instituto Politécnico de Lisboa. Estudou Canto em Viena com a Professora Hilde Zadek e frequentou masterclasses de canto com os professores Christianne Eda-Pierre, Christoph Prégardien, Siegfried Jerusalem e Jill Feldman. Aperfeiçoou os seus estudos de Canto Gregoriano em Itália com os professores Nino Albarosa, Johannes Göschl, Alberto Turco e Luigi Agustoni. É professor de Canto e Canto Gregoriano na Escola Superior de Música de Lisboa. Orientou vários workshops e masterclasses em Portugal e também no Canadá, Inglaterra, Singapura e Espanha. É director musical e solista do Grupo Vocal Olisipo e do Coro Gregoriano de Lisboa tendo-se apresentado em concertos em países ao redor do mundo. Gravou mais de duas dezenas de discos com grande reconhecimento crítico, distinguidos com o Choc du Monde de la Musique, o Diapason d’Or e uma nomeação para os prémios da SPA, entre outros prémios. Conquistou vários prémios, destacando-se o 3º prémio no Concurso Luisa Todi e o 1º prémio no 7º Concurso de Interpretação do Estoril e, com o GVO, quatro primeiros prémios e prémios de interpretação em concursos internacionais. Apresenta-se regularmente como solista em recital, oratória e ópera, tendo colaborado com as principais orquestras e maestros do país.

GRUPO VOCAL OLISIPO
O Grupo Vocal Olisipo foi fundado em 1988, tendo sido desde então dirigido por Armando Possante. O seu repertório é vasto e eclético, abrangendo obras do período medieval aos dias de hoje. Tem colaborado frequentemente com compositores, tendo apresentado em primeira audição obras de Bob Chilcott, Ivan Moody, Christopher Bochmann, Eurico Carrapatoso, Vasco Mendonça, Luís Tinoco, Manuel Pedro Ferreira, Anne Victorino d’Almeida, António Pinho Vargas, Carlos Marecos, Daniel Davis, Edward Luiz Ayres d’Abreu, Fernando Lapa, José Carlos Sousa, Nuno Côrte-Real, Sérgio Azevedo e Tiago Derriça.  Trabalhou com dois dos mais prestigiados ensembles mundiais da atualidade – “Hilliard Ensemble” e “The King’s Singers” e também interpretação de ópera barroca com Jill Feldman. Conquistou já diversos prémios em concursos, nomeadamente uma menção honrosa no Concurso da Juventude Musical Portuguesa e o Primeiro Prémio nos concursos International May Choir Competition em Varna, Bulgária, Tampere Choir Festival na Finlândia, 36º Concorso Internazionale C.A.Seghizzi em Gorizia, Itália e 5º Concorso Internazionale di Riva del Garda em Itália, e vários prémios de interpretação. Efectuou inúmeras atuações por todo o país, tendo-se já apresentado nos principais Festivais de Música em palcos como os do Centro de Arte Moderna, Centro Cultural de Belém, Teatro Nacional de S. Carlos, Casa da Música e Teatro Rivoli, entre muitos outros. Tem colaborado com vários ensembles instrumentais e orquestras, como o Quarteto Lacerda, Quarteto Arabesco, Capella Real, Músicos do Tejo, Academia de Música Antiga, Orquestra de Cascais e Oeiras, OrchestrUtopica, Orquestra Sinfónica Juvenil, Orquestra do Algarve, Orquestra Filarmonia das Beiras e Orquestra Metropolitana de Lisboa.     Internacionalmente tem-se apresentado em concertos por toda a Europa. Participou como convidado no congresso da ABCD em Inglaterra, no Festival 500 no Canadá, no International A Cappella Festival em Singapura e no Centro Botín em Espanha. Em todos estes festivais, o grupo orientou diversos workshops para coros e maestros de todo o mundo.  Em cinema participou no filme “As variações de Giacomo” onde contracenou com os actores  John Malkovich  e Veronica Ferres e com os cantores Miah Persson, Florian Bösch, Jonas Kaufmann e Topi Lehtipuu. Participou em vários programas de Televisão e Rádio em Portugal, destacando-se um Especial de Natal para a RTP e o Early Music Day 2019 para a Antena 2/EuroRadio. Gravou o Officium Defunctorum de Estêvão de Brito e as Matinas de Natal de Estêvão Lopes Morago, Cantatas Maçónicas de Mozart, Tenebrae com música de Francisco Martins e Manuel Cardoso, o Magnificat de Eurico Carrapatoso e “Herança”, dedicado a compositores da Escola de Música da Sé de Évora.

05.Maio | 21h00
Igreja Matriz de Belas - Nossa senhora da Misericórdia

O MARIA QUAM PULCHRA ES - MÚSICA MARIANA SEISCENTISTA DO NORTE DE ITÁLIA
O início do século XVII testemunhou aquela que foi talvez a maior revolução na História da Música. A descoberta da monodia acompanhada e a invenção da ópera no norte de Itália estenderam rapidamente a sua influência à música sacra. A polifonia nunca foi totalmente abandonada, mas o novo estilo ou seconda pratica impôs-se como gosto dominante, ao permitir uma abordagem livre, pessoal, francamente emocional e expressiva dos textos sacros ou devocionais. A escrita a voce sola acompanhada pelo baixo contínuo semi-improvisado permitia uma grande flexibilidade e variedade de texturas, ora imitativas ora declamativas, bem como a exploração de uma sonoridade que combina a elevação angelical com uma nem sempre discreta voluptuosidade, sobretudo nas poesias mais afectadas pela ardência emocional barroca. A devoção mariana, reforçada pela Igreja Católica no Concílio de Trento, e em que se exaltava o papel de Maria como a grande mediadora, toda pura e imaculada, e merecedora de graças singulares, suscitou a composição de uma miríade de obras, destinadas não só à liturgia oficial das suas várias festividades anuais, mas também à veneração e piedade privada. A par de orações tradicionais consagradas, como o Salve Regina ou o Ave maris stella, divulgou-se o uso de excertos do Cântico dos Cânticos ou poesias neo-latinas inspiradas por este livro bíblico, que exaltam a Virgem como modelo de beleza e virtude, espiritual é certo, mas sobre evocações e alegorias de grande sensualidade.
(Fernando Miguel Jalôto)

ANDREA GABRIELI (1532/33-1585)
Intonatione *

CLAUDIO MONTEVERDI (1567-1643)
O quam pulchra es amica mea 

GIROLAMO CAVAZZONI (c.1525-c.1577)
do Gloria da Missa de Beata Virgine:
Et in terra pax
Benedicimus te
Glorificamus te
Domine Deus Rex coelestis 

GIOVANNI BATTISTA RICCIO (activo entre 1609-1621)
Salve Regina 

GIROLAMO CAVAZZONI
do Gloria da Missa de Beata Virgine:
Spiritus et alme
Primogenitus
Qui tollis peccata mundi 

CLAUDIO MONTEVERDI
Nigra sum 

GIROLAMO CAVAZZONI
 do Gloria da Missa de Beata Virgine:
Qui sedes ad dexteram Patris
Mariam sanctificans
Maria gubernans
Maria Coronans
Amen 

CLAUDIO MONTEVERDI
Salve o Regina 

GIOVANNI GABRIELI (1557-1612)
Toccata *

GIOVANNI ROVETTA (1596-1668)
O Maria quam pulchra es 

GIROLAMO CAVAZZONI
Ave Maris Stella 

ALESSANDRO GRANDI (1586-1630)
O  quam tu pulchra es 

GIROLAMO FRESCOBALDI (1583-1643)
Ave Maris Stella 

FRANCESCO CAVALLI (1602-1676)
O quam soavis et decora 

GIOVANNI GABRIELI
Sancta et immaculata Virginitas a 7 

MAURIZIO CAZZATI (1620-1677)
Ave Virgo Maria 

GIROLAMO FRESCOBALDI
Toccata avanti la Messa della Madonna *

GIACOMO FINETTI (1605-1631)
Beata est Virgo Maria  

Fernando Miguel Jalôto | órgão e direcção musical

*órgão solo

 Ludovice Ensemble
Fernando Guimarães, tenor
Marta Vicente, violone
Fernando Miguel Jalôto, órgão e direcção musical



 
FERNANDO MIGUEL JALÔTO | Órgão
Miguel completou os diplomas de Bachelor of Music e de Master of Music em Cravo no Departamento de Música Antiga e Práticas Históricas de Interpretação do Conservatório Real da Haia (Países Baixos), na classe de Jacques Ogg. Frequentou masterclasses com Gustav Leonhardt, Olivier Baumont e Ilton Wjuniski, entre outros. Estudou também órgão barroco e clavicórdio, e foi bolseiro do Centro Nacional de Cultura. É Mestre em Música pela Universidade de Aveiro e presentemente é Doutorando em Ciências Musicais | Musicologia Histórica na Universidade Nova de Lisboa, como Bolseiro da FCT. É fundador e director artístico do Ludovice Ensemble, um dos mais activos e prestigiados grupos nacionais de Música Antiga. Colabora com grupos especializados internacionais tais como Vox Luminis, Oltremontano, La Galanía, Capilla Flamenca, Collegium Musicum Madrid, Ensemble Bonne Corde, Allettamento, etc. Apresentou¬ se em vários festivais e inúmeros concertos em toda a Europa, Israel, China e Japão. Toca com as orquestras Gulbenkian e Metropolitana de Lisboa, e foi membro da Académie Baroque Européenne de Ambronay (França), da Academia MUSICA de Neerpelt (Bélgica) e das orquestras barrocas Casa da Música e Divino Sospiro. Gravou para a Ramée/Outhere, Brilliant Classics, Dynamic, Harmonia Mundi, Glossa Music, Parati, Anima & Corpo, e Conditura Records, bem como para as rádios portuguesa, alemã e checa, e os canais televisivos Mezzo, Arte e RTP. Como maestro dirigiu grandes obras do repertório barroco como as Vésperas de Monteverdi, várias missas e cantatas de Bach, oratórias de A. Scarlatti, óperas de Lully, Charpentier, e Bourgeois, bailados e óperas de Rameau, em salas como a Fundação Gulbenkian e o CCB, e os festivais especializados de Utrecht e Bruges.

FERNANDO GUIMARÃES | Tenor
Fernando Guimarães, após completar os seus estudos musicais no Porto, estreou-se internacionalmente como vencedor da L’Orfeo Singing Competition em Mântua, cantando o papel principal desta ópera de Monteverdi no 400º aniversário da sua estreia. Em 2016 regressaria a este seu papel icónico, numa aclamada nova produção de Robert Carsen na Ópera de Lausanne. Fernando cantou extensivamente com grupos de renome como Les Arts Florissants, Freiburger Barockorchester, Concerto Köln, Orchestra of the Age of Enlightenment, Orchestra of the 18th Century, Nederlands Bachvereniging, Collegium 1704, L’Arpeggiata, Les Talens Lyriques, Pygmalion ou Al Ayre Español. A sua recente interpretação de cantatas de Händel em Sydney e Melbourne com a Australian Brandenburg Orchestra foram unanimemente aclamadas por público e crítica, bem como a sua interpretação do papel titular do Ulisses de Monteverdi, pelo qual lhe foi atribuída uma nomeação para Grammy, na categoria de Melhor Disco de Ópera de 2015. Em 2019, de novo na Austrália, voltou com grande sucesso a este papel numa nova produção da Pinchgut Opera. Em Portugal, Fernando é presença assídua na Fundação Gulbenkian e no CCB, trabalhando frequentemente com as principais orquestras do país, bem como com os seus mais conceituados grupos de música antiga, como Os Músicos do Tejo, Divino Sospiro e Ludovice Ensemble.

LUDOVICE ENSEMBLE
O Ludovice Ensemble é um grupo especializado na interpretação de Música Antiga, sediado em Lisboa, e criado em 2004 por Fernando Miguel Jalôto e Joana Amorim, com o objetivo de divulgar o repertório de câmara vocal e instrumental dos séculos XVII e XVIII através de interpretações historicamente informadas e usando instrumentos antigos. O nome do grupo homenageia o arquiteto e ourives alemão Johann Friedrich Ludwig (1673-1752) conhecido em Portugal como Ludovice. O grupo trabalha regularmente com os melhores intérpretes portugueses especializados, e também como prestigiados artistas estrangeiros. O Ludovice Ensemble apresentou-se em Portugal nos principais festivais nacionais e é uma presença regular nas duas principais salas de Lisboa: o CCB e a Fundação Calouste Gulbenkian. Apresentou-se no estrangeiro nos mais prestigiantes festivais de música antiga, na Bélgica (Bruges, Antuérpia); Países Baixos (Utrecht); França (La Chaise-Dieu, Bordéus); República Checa (Praga); Israel (Telavive, Jerusalém); Irlanda (Dublin); Estónia (Tallinn); e Espanha (Aranjuez, El Escorial, Vitoria-Gasteiz, Lugo, Badajoz, Jaca, Daroca, Peñíscola, e Pirenéus catalães). Gravou ao vivo para a RDP-Antena 2, a Rádio Nacional Checa e a Rádio Nacional da Estónia, bem como para o canal de televisão francês Mezzo. O seu primeiro CD, para a editora Franco-Belga Ramée/Outhere foi nomeado em 2013 para os prestigiados prémios ICMA na categoria de Barroco Vocal. Do seu trabalho mais recente destacam-se Le Bourgeois Gentilhomme de Moliére/Lully, Vésperas de Nossa Senhora de 1610 de Monteverdi, Cain ovvero il primo omicidio de Scarlatti, Timão de Atenas de Shakespeare e Purcell; Idylle sur la paix de Lully e Les Arts Florissants de Charpentier, bem como um original programa de música barroca judia-sefardita. Em 2020 lançou um álbum duplo do Ludovice Ensemble com sonatas inéditas de C. H. Graun para flauta e cravo obrigado, pela editora inglesa Veterum Musica.

12.Maio | 21h00
Igreja de São Martinho, Sintra

DE SALZBURGO A LISBOA
"Este programa apresenta uma variedade de obras instrumentais da Europa dos séculos XVI a XVIII. A Anunciação de Biber – mestre de capela em Salzburgo – é considerada das obras mais virtuosísticas para violino do barroco. A Tocata de Weckmann, com pequenas mas diversas secções, demonstra o estilo composicional da tocata alemã do século XVII. A Corrente de Cabanilles e a Tocata de Nassarre remetem para uma prática que ocorria em Espanha nesse mesmo período: apesar de serem originalmente obras escritas para órgão solo, os músicos adaptavam a voz superior para ser tocada por violino. A Battalla de Falconiero e a Sinfonia de Bach representam a transcrição de obras pluri-instrumentais para órgão e violino. Daphne, do manuscrito de Camphuysen e o Verso de Manuel Rodrigues Coelho – organista da Capela Real portuguesa – mostram os contrastes da música para tecla do século XVII entre os Países Baixos e Portugal. O programa termina com a Letanía de Bruna, uma obra que celebra a devoção à Virgem Maria."
(André Ferreira)

HEINRICH IGNAZ FRANZ VON BIBER (1644-1704)
Sonatas do Rosário: Anunciação 

MATTHIAS WECKMANN (c.1616-1674)
Tocata em ré menor * 

JUAN CABANILLES (1644-1712)
Corrente Ytaliana 

MANUEL RODRIGUES COELHO (c.1555-c.1635)
Primeiro Verso sobre os passos do canto chão de Ave maris stella * 

PABLO NASSARRE (1650-1730)
Tocata de primeiro tom 

ANDREA FALCONIERO (c.1585-1656)
Battalla de Barabaso, yerno de satanas 

MANUSCRITO CAMPHUYSEN (séc.XVII)
Daphne * 

JOHANN SEBASTIAN BACH (1685-1750)
Sinfonia da Cantata BWV 156: “Ich steh mit einem Fuss im Grabe”: Arioso

PABLO BRUNA (1611-1679)

Letanía de la Virgen


Nuno Mendes | violino barroco
André Ferreira | órgão 



 
ANDRÉ FERREIRA | Órgão
Iniciou os seus estudos de órgão com António Esteireiro no Instituto Gregoriano de Lisboa, continuando posteriormente com Jos van der Kooy no Conservatório de Haia. É licenciado em Órgão pelo Conservatório de Amesterdão, onde estudou com Jacques van Oortmerssen, tendo igualmente a oportunidade de trabalhar com Pieter van Dijk. Concluiu os mestrados em performance e em ensino de música da Escola Superior de Música de Lisboa (ESML), sob a orientação de João Vaz. É actualmente doutorando em Ciências Musicais na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova. Frequenta o mestrado em Oboé Barroco, com Pedro Castro, na ESML. Como solista ou integrado em diversos agrupamentos musicais já efetuou recitais em Portugal, Espanha, França, Itália, Holanda, Inglaterra e Nova Zelândia. Fundou juntamente com Maria Bayley e Teresa Duarte o Ensemble 258, com quem igualmente organizou e produziu o ciclo de música antiga “7 Colinas / 7 Cantatas” em Lisboa. Colabora como organista, em Lisboa, com a Paróquia de S. Tomás de Aquino e com a Paróquia de Santa Maria de Belém, Mosteiro dos Jerónimos. Lecciona a disciplina de Órgão no Conservatório de Mafra e na Sé Catedral de Faro. É licenciado em Matemática Aplicada e Computação pelo Instituto Superior Técnico.

NUNO MENDES | Violino
Dedica-se exclusivamente à interpretação do violino barroco desde 2002, graduando-se em 2009 com máxima qualificação na ESMUC - Escola Superior de Música da Catalunha, tendo estudado com Marc Destrubè, Emilio Moreno, Chiara Banchini, Enrico Onofri, Manfredo Kraemer e Pablo Valetti. Como violinista e violista especializado na interpretação da música antiga, integra diferentes orquestras e agrupamentos musicais, tais como Divino Sospiro, Músicos do Tejo, La Real Cámara, El Concierto Español, Academia 1750, Bach Collegium Musicum, Bach Zum Mitsingen, Vespres d’Arnadi, Orquestra Barroca de Barcelona, La Galanya, Companya Xuriach, Orquestra Barroca da Catalunha, etc. É também fundador da Orquestra Barroca Guillamí Consort, dedicada à recuperação e interpretação da música antiga portuguesa e espanhola dos séculos XVII e XVIII. Gravou mais de 15 cds para diferentes discográficas de prestígio, como Glosa, Brilliant, La Mà de Guido, Naxos, entre outras, e apresenta-se regularmente nos mais importantes festivais de música antiga de toda a Europa. Entre os anos 2009 e 2019 conciliou também a sua atividade concertística com a docência, sendo professor e diretor pedagógico em conservatórios e escolas de música da área metropolitana de Barcelona. Atualmente prepara a sua tese de doutoramento em música na Universidade de Salamanca. Foi bolseiro do Centro Nacional da Cultura no projeto Jovens Criadores nos anos 2009 e 2010.
14.Maio | 16h00
Igreja de São Martinho, Sintra

CONCERTO DE ENCERRAMENTO - CONCERTOS PARA ÓRGÃO
O órgão é um instrumento ao qual podem ser associados diversos papéis ao longo da história da música ocidental. Instrumento primordial da Igreja, as funções neste âmbito passam pelo acompanhamento do canto e por momentos solísticos para preencher as diversas rubricas musicais da liturgia. Enquanto instrumento harmónico, integra com frequência o dispositivo do basso continuo nos ensembles do Barroco, o que sucede na Sinfonia em Si bemol maior do português Carlos Seixas. Embora seja menos vulgar, assume também o papel de solista em orquestra. De entre os vários compositores que utilizaram esta conjugação nas suas obras, relativamente contemporâneos do órgão da Igreja de São Martinho, Antonio Vivaldi, Carl Philipp Emanuel Bach e Michel Corrette são nomes incontornáveis. A viagem musical desde o Barroco italiano ao Classicismo francês, passando pelo Pré-Classicismo galante alemão, demonstra que o órgão era um instrumento amado por muitos, em diferentes países e épocas. E continua a ser!
(Sérgio Silva)

ANTONIO VIVALDI (1678-1741)
Concerto para violino, órgão e cordas em ré menor, RV 541
I. Allegro
II. Grave
III. Allegro 

DOMENICO ZIPOLI (1688-1726)
Canzona em ré menor *

CARLOS SEIXAS (1704-1742)
Sinfonia em Si bemol maior
I. Allegro
II. Adagio
III. Minuetto

Sonata para órgão em sol maior *

CARL PHILIPP EMANUEL BACH (1714-1788)
Concerto para órgão e cordas em mi bemol maior, Wq. 35
I. Allegro ma non troppo
II. Adagio sostenuto
III. Allegro assai 

JOHANN SEBASTIAN BACH (1685-1750)
Fuga em lá menor, BWV 947 *

MICHEL CORRETTE (1707-1795)
Concerto para órgão e cordas em sol maior, Op. 26 n.º
I. Allegro
II.Gavotes. Andante
III. Allegro  

*órgão solo

Sérgio Silva | órgão 

Ensemble Instrumental do Sintra Estúdio de Ópera
Nélson Nogueira - violino
Sara Llano - violino
Eurico Cardoso - viola
Abel Gomes - violoncelo
João Alves - contrabaixo



 
SÉRGIO SILVA | Órgão
Sérgio Silva é Mestre em Música, ramo de interpretação (órgão), pela Universidade de Évora. Começou por estudar órgão no Instituto Gregoriano de Lisboa, sob a orientação de João Vaz na disciplina de órgão e de António Esteireiro em acompanhamento e improvisação. Para além dos seus estudos regulares, teve oportunidade de contactar com diversos organistas de renome internacional, tais como, José Luiz González Uriol, Luigi Ferdinando Tagliavini, Jan Willem Jansen, Michel Bouvard, Kristian Olesen e Hans Ola Ericsson. Como concertista, apresenta-se regularmente, tanto a solo como integrado em diversos agrupamentos nacionais de prestígio, tendo atuado em Portugal, Espanha, Itália, Inglaterra, França, Alemanha e Macau. Enquanto investigador, tem realizado várias transcrições modernas de música antiga portuguesa. Atualmente desempenha as funções de docência de órgão no Instituto Gregoriano de Lisboa e na Escola de Música Sacra de Lisboa e é organista titular da Basílica da Estrela e da Igreja de São Nicolau (Lisboa).

ENSEMBLE INSTRUMENTAL DO SINTRA ESTÚDIO DE ÓPERA
O Ensemble Instrumental do Sintra Estúdio de Ópera é uma formação de dimensão variável, especializada na interpretação de música antiga, embora numa leitura e estética interpretativa contemporâneas. Tem realizado concertos um pouco por todo o país destacando Centro Cultural Olga Cadaval (Sintra), Palácio Nacional de Queluz, Palácio de São Marcos (Coimbra), Ciclo de Música Antiga de Portimão, Festival de Música Antiga de Santarém, Festival de Primavera - I Ciclo de Música Antiga de Sintra, entre outros locais e festivais.


Ficha Técnica:
Direção artística: Miguel AnastácioAssessoria artística: Sérgio Silva
Produção executiva: Helena Carvalho Pereira
Produção: Sintra Estúdio de Ópera