Futuro do Turismo em debate em Sintra

O Conselho Consultivo para o Turismo, organizado e promovido pela Câmara Municipal de Sintra, reuniu pela primeira vez esta quarta-feira, 30 de setembro, para debater as medidas adotadas e a adotar para o setor turístico no contexto da atual pandemia.

A primeira reunião de trabalho deste conselho municipal aconteceu no Palácio Valenças e contou com a presença de diversas entidades, cujos currículos e áreas de atividade constituem uma mais valia para os objetivos prosseguidos pelo município no domínio especifico do turismo.

Na abertura da sessão o presidente da Câmara Municipal de Sintra, Basílio Horta, salientou a importância da constituição deste grupo “reflexo da importância e sensibilidade que a autarquia tem para com o setor, convidando para o debate aqueles que têm intervenção direta nesta área”.

“Perante a situação que o turismo vive e perante a sua importância para a economia, quer a nível nacional como a nível local, a autarquia entendeu criar um conselho que pudesse ser um fórum de analise e debate das medidas implementadas ou a serem adotadas, quer durante um período de emergência em plena pandemia e, essencialmente, num mundo pós covid.”, referiu ainda o edil.

Durante esta primeira sessão de trabalho do Conselho foi apresentada a caraterização do setor em Sintra, das quais importa destacar que:

  • O concelho de Sintra dispõe de 75 estabelecimentos hoteleiros, o que significa está no Top 10 da oferta disponível nos municípios de Portugal Continental e o 3.º da Área Metropolitana de Lisboa (AML). De 2016 a 2018 registou-se, em Sintra, um acréscimo de 56% com mais 27 novas unidades hoteleiras. Este é um aumento que se espera repetir entre 2020 e 2021.
  • No ano de 2018, o concelho apresentava uma capacidade de alojamento de 3.474 camas, tendo sido o 15.º município de Portugal Continental e o 3.º da AML com maior capacidade. No mesmo período, registou o maior crescimento percentual entre os municípios do Top 20, com um aumento de capacidade de 32% (+835 camas). O concelho  manteve uma estada média de 1,7 noites, sendo este valor um dos mais baixos entre os municípios das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. Sintra é o 9.º Município do Continente e o 3.º da AML, em proveitos totais com 55,2 Milhões de euros (cresceram 35% desde 2016).
  • No que diz respeito à caracterização do hóspede, estes são na sua maioria provenientes no mercado internacional (54%) e de origem europeia (onde se incluem, por ordem de grandeza: Espanha, Reino Unido, França e Alemanha) seguindo-se do continente americano (EUA, Brasil, entre outros). Na AML, Sintra é o concelho com menor dependência de hóspedes estrangeiros.

Após a exposição dos dados turísticos, Basílio Horta reforçou a necessidade de começar a planear o futuro, com a elaboração de uma “análise da emergência e uma visão prévia e alargada sobre o que pode ser o futuro do Turismo no nosso concelho e no país”. O presidente da Câmara Municipal mencionou que um dos grandes objetivos da autarquia é “manter vivo o setor” e que para isso a “a câmara tem tomado medidas e está completamente disponível para adotar novas iniciativas que sejam consideradas adequadas, dentro daquilo que são as competências da autarquia”, concluiu.

No seguimento da reunião o presidente da Entidade Regional de Turismo Região de Lisboa, Vítor Costa, falou aos presentes sobre a situação do turismo na região e a possibilidade da implementação de um Plano de Resgate do Turismo, pela situação delicada que o setor está a sofrer. O turismo na Região de Lisboa usufruiu na última década de um desenvolvimento favorável, que se alterou no início de 2020 com o surgimento da pandemia. Para Vítor Costa, o turismo foi a “principal vítima por razões de saúde pública, que implicaram o confinamento, fecho de fronteiras, limitação da circulação e falta de confiança em viajar”, sublinhando que “o mercado interno não tem dimensão para substituir o mercado internacional”.

A necessidade da criação de um Plano de Resgate do Turismo para a sobrevivência do setor “tem que começar logo por reconhecer a especificidade do setor do turismo, com um objetivo essencial que é preservar o ecossistema empresarial que diferencia, dá prestígio e confere flexibilidade ao turismo”.

Por fim, Joana Pascoal, presidente da Associação do Turismo de Sintra, apresentou o plano desenhado pela associação para a retoma económica e financeira do setor turístico no concelho, que contempla medidas adotadas e a adotar. Este plano surge no seguimento do protocolo celebrado com a Câmara Municipal de Sintra, no valor de 75 mil euros, com objetivo de atrair e revitalizar a atividade turística do concelho. 

No domínio deste protocolo, a Associação do Turismo de Sintra tem a cargo: o apoio aos empreendimentos turísticos, assim como às unidades de alojamento local, operadores de animação turística e estabelecimentos de restauração, no âmbito do processo de atribuição do selo Clean & Safe; desenvolver uma campanha para o destino Sintra, promovendo a região a nível nacional e internacional nas suas diversas vertentes; criar o Sintra Card Digital com descontos e benefícios; criar ferramentas digitais de apoio à visita de Sintra; criar e disponibilizar ao público Placas Informativas, através de QR Code, incluindo informação relativa a pontos de interesse geral, como igrejas, museus ou monumentos.

A criação deste conselho  consultivo resulta na necessidade de uma reflexão e análise sobre o caminho a trilhar e a necessidade premente do concelho se debater sobre questões como "Que turismo para Sintra?", mas também como captá-lo, como direcionar as estratégias de promoção deste destino turístico, que medidas de curto e médio prazo se recomendam nas diferentes áreas para garantir o seu desenvolvimento e sustentabilidade e que eixos estratégicos devem privilegiar-se.