Recuperação económica e social em debate no Conselho Estratégico Empresarial de Sintra
A primeira reunião extraordinária do Conselho Estratégico Empresarial de Sintra realizou-se na passada sexta-feira, dia 19 de junho, com o objetivo de refletir e discutir sobre o plano de recuperação económica e social 2020/2030 para o concelho.
Na abertura da reunião, o presidente do Concelho Estratégico Empresarial, Jorge Coelho, referiu que “a conjuntura presente em Portugal e no mundo, causada pelo surto da COVID-19, pode resultar numa estratégia que permita que o país encontre um rumo diferente, melhor, para o seu desenvolvimento”.
Nesta reunião o presidente da Câmara Municipal de Sintra, Basílio Horta, abordou também o contexto nacional e internacional, “é precisamente nos momentos que sentimos as crises passar por nós, que devemos ter a frieza e a consciência de sermos capazes de perspetivar o futuro”, referindo ainda que “há um momento para combater a crise e há outro momento em que temos de perspetivar o que vem depois, e não podemos perder mais tempo. É necessário recuperar o tempo perdido”.
Para o edil, neste momento “podemos ter oportunidades que no passado recente não tivemos. Sintra é um concelho que dava um excelente laboratório de Portugal, com uma vasta área territorial, com cerca de 400 mil habitantes, com uma diversidade económica enorme e, entre os 16 e os 25 anos, somos o concelho mais jovem do país”, mencionou o edil, referindo ainda que “a estratégia da autarquia é, desde o primeiro dia, a recuperação e o desenvolvimento económico, nomeadamente com a criação de emprego”.
Basílio Horta mencionou ainda o Plano de Recuperação da Europa que assenta em 3 importantes pilares e que têm uma aplicabilidade forte em Sintra: “o primeiro pilar assenta na Economia Verde e nós temos uma floresta magnifica, somos Património da Humanidade, na categoria de Paisagem Cultural. Depois temos a transformação energética, onde estamos na primeira linha. Sintra faz parte do Pacto dos Autarcas, uma das mais importantes iniciativas urbanas ao nível global, nas áreas do clima e da energia, promovida pela Comissão Europeia. Por fim, temos a digitalização e tudo o que está ligado a essa área, no qual temos um fortíssimo caminho a percorrer, mas que acredito profícuo”, concluiu o edil.
A reunião contou, também, com a presença de António Costa Silva, que discursou sobre “A crise pandémica e a mudança de paradigmas”, começando por questionar a incapacidade de previsão da pandemia e a fragilidade da nossa civilização exposta pelo vírus, “vivemos num paradoxo extraordinário, acumulamos informação como nunca na história, mas a mesma não é nada se dela não extrairmos conhecimento e sabedoria.”
A geopolítica mundial e o colapso das grandes lideranças mundiais foram temas também abordados por António Costa Silva. Assumindo-se como europeísta e defensor do projeto europeu, referiu que a União Europeia tem dado passos na boa direção, com a mobilização “das forças internacionais para combater a pandemia e o apoio a centros de investigação, que curiosamente as duas grandes potências EUA e China tiveram fora dessa iniciativa”.
No seu discurso, António Silva Costa mencionou a proposta da criação de um Centro de Identificação de Riscos, para precaver o país de futuras pandemias e outros riscos, e refletiu sobre o modelo de desenvolvimento económico e social, “em Portugal precisamos de melhorar as políticas publicas para criarmos mecanismos de desenvolvimento económico que sejam inclusivos, capazes de distribuir a riqueza, e que atraíam o maior número de pessoas para o sistema económico e social em desenvolvimento. Penso que isso será um pilar absolutamente decisivo para o futuro”.
“A minha proposta estratégica é explorar a dimensão continental e simultaneamente a dimensão marítima”, proferiu António Silva Costa, “construir espaços geoeconómicos integrados, pôr todo o sistema económico a funcionar, como o Concelho de Sintra tem procurado fazer, com medidas e políticas que auxiliam as empresas. Gosto muito da proposta de Sintra como laboratório, porque nós precisamos de pegar nestes laboratórios e disseminá-los pelo país.”
Silva e Costa referiu também a importância do investimento público nos portos e nas infraestruturas, mais concretamente numa rede ferroviária elétrica que ligue o país a Espanha e à Europa, “em vez de sermos uma porta de saída, podemos ser uma porta de entrada, basta mudar o nosso quadro conceptual, atrair os investimentos e fazer funcionar todo este sistema”.
Dentro do território a proposta de António Silva Costa passa pelo investimento em Centrais de Biomassa, no desenvolvimento da digitalização, no investimento no Serviço Nacional de Saúde, e em politicas socais que permitam “recuperar as pessoas, minimizando as desigualdades sociais”.
Por fim, Silva Costa abordou as macrocidades, defendendo a proposta de investir em grandes regiões e criar cidades inteligentes, “apostar nos sensores, nos dados, na ciência dos dados, compreender como é que se faz o fluxo das cidades e organizar esse fluxo de forma inteligente. Se conseguirmos fazer isto, podemos ter cidades mais inteligentes, mais inclusivas, mais agradáveis, funcionando com base na ciência, na tecnologia e dos dados”, concluiu.