Aqui reflete-se sobre o futuro deste território único. A partir de dois pressupostos: a paisagem de Sintra é uma paisagem vegetal sem uma geografia precisa e uma paisagem arquitetónica sem um tempo exato. De entre o conjunto complexo de fatores que contribuíram para a construção, ao longo do tempo, desta paisagem cultural (que é, nesse sentido, um artifício, uma invenção, ou, como já referido, um capricho) encontram-se a topografia e a orografia da montanha, a vegetação que hoje a cobre e o microclima que a individualiza meteorologicamente do contexto envolvente. Dos três fatores – topografia, orografia e clima – o último é o mais frágil mas também, de algum modo, o mais importante: é ele que torna este território um verdadeiro reino das nuvens. E foi ele que, por sua vez, favoreceu a plantação e o crescimento da paisagem florestal (espécie de assemblage ou mestiçagem de espécies oriundas de diversas partes do planeta) e a construção da atual paisagem arquitetónica (espécie de assemblage ou mestiçagem de construções com raízes em estéticas, geografias e tempos diferentes). Numa época de instabilidade e de incerteza climatérica global devemos perguntar: como irá este território diminuto e o seu vulnerável microclima enfrentar as previstas alterações climáticas à escala do planeta?

Here we reflect on the future of this unique territory. Based on two assumptions: Sintra has a vegetal landscape without a precise geography and an architectural landscape without an exact time. Among the complex set of factors which contributed to the construction of this cultural landscape (which is, in this sense, an artifice, an invention, or, as already mentioned, a whim) are the mountain’s topography and orography, the vegetation which covers it today and the microclimate which individualises it, meteorologically, from the surrounding context. Of the three factors – topography, orography and climate – the latter is the most fragile but also, in some way, the most important: it is the one responsible for this being a real kingdom of clouds. And it was this climate which, in turn, favoured the planting and growth of the forest landscape (a sort of assemblage or miscegenation of species from various parts of the planet) and the construction of the current architectural landscape (a sort of assemblage or miscegenation of buildings with roots in different aesthetics, geographies and times). At a time of global climate instability and uncertainty, we must ask: how will this small territory and its vulnerable microclimate cope with the predicted climate changes on a global scale?