Após o seu regresso definitivo a Portugal, em 1911, Leal da Câmara continuará durante largos anos a executar tarefas como designer e decorador, conhecendo-se deste período vários trabalhos seus, tanto para instituições, como para casas particulares e para stands nacionais e internacionais. Todavia, e para além dos elementos decorativos infraestruturais (frisos, ovais, biombos fixos, divisórias, estantes incrustadas nas paredes, etc.) que concebe, Leal cria, igualmente, originais peças de mobiliário ‘de características linhas portuguesas’, que atraíam ao seu ateliê lisboeta, não só muitos curiosos da especialidade, como também diversos compradores e fabricantes interessados, chegando mesmo a firmar contrato para o efeito com a ‘Casa Olaio’, em 5 de abril de 1920.
Será, contudo, na sua casa particular da Rinchoa – um antigo casal saloio setecentista de tradição popular, que transforma em residência em 1930 –, que Leal da Câmara, durante vários anos, melhor aplicará a sua arte de decorador, sobretudo de interiores – “O seu lar tinha um sedutor intimismo, aconchegado, sem faustos. Móveis, frisos, tapetes, almofadas, [azulejos, chaves, cerra-livros, cinzeiros, tecidos, castiçais] e loiças, tudo era desenhado pelo seu talento de decorador que procurava dar sempre ao ambiente em que vivia a nota de um tradicionalismo bem português”. [in Júlia de Azevedo Leal da Câmara, Thomaz Leal da Câmara (Notas Biográficas), documento manuscrito existente na Casa-Museu de Leal da Câmara, p. 21].
Paralelamente, Mestre Leal da Câmara possui uma significativa obra gráfica, uma vez que a maior parte das suas caricaturas se destinavam à publicação das mesmas nos jornais da época, para quem trabalhava por encomenda.

Concebia diversas pranchas, até ter o seu produto acabado e finalizado, após o que os entregava nos jornais e tipografias.

Tecnicamente, inovou entre nós, aplicando novas ideias e técnicas trazidas de fora.
O multifacetamento plástico e o percurso ímpar da sua obra artística, todavia, permitem-nos induzir que o Mestre caricaturista também terá, a certa altura da sua vida, lançado mão da tarefa de cartazista e de desenhador gráfico (almanaques, panfletos, sobrescritos, programas, cartões comerciais, menus, bilhetes-postais, capas de livros, ilustrações, calendários, vinhetas decorativas, ilustrações infantis).

Aqui, tal como nas restantes atividades que abraçou, acabou igualmente por inovar, não se tendo, portanto, ficado, tão-só, por aquilo que já se fazia, sobretudo no estrangeiro, numa autêntica atitude de mero seguidismo.