03 de outubro e 01 de fevereiro de 2026 – Museu das Artes de Sintra

Dividida por três espaços, esta exposição estará patente, além do MU.SA-Museu das Artes de Sintra, na Galeria Millennium bcp, no MNAC e nas instalações da NOVA Medical School -– Advanced Health Education | Health Campus, em Cascais.
Com curadoria de Emília Ferreira, a mostra constitui a maior apresentação da obra da modernista Mily Possoz realizada até hoje, reunindo obras da coleção do MNAC, do Millennium bcp, do Centro de Arte Moderna, da Fundação Calouste Gulbenkian, da Fundação GALP, da Vista Alegre, além de obras inéditas da família e de várias coleções particulares, nomeadamente do Hotel Tivoli, e Hotel de Seteais.
A par deste tripartido evento expositivo, será também publicado um volume homónimo, com perto de cem imagens e 11 ensaios inéditos, da autoria de vários especialistas — Alexandra Curvelo, Amanda Reis, Ana Vasconcelos, António Canau, Charlotte Foucher Zarmanian, Emília Ferreira, Jorge Silva, Nancy G. Heller, Rita Mega e Victor dos Reis. Com projeto e coordenação de Emília Ferreira, e publicado com a chancela do MNAC/Fundação Millennium bcp/Tinta da China, esta publicação terá uma versão em português e outra em inglês, e conta com os apoios mecenáticos da Câmara Municipal de Sintra, Câmara Municipal de Cascais, Fundação Calouste Gulbenkian, Hotel Tivoli e Solubema.
Sobre a artista
“No presente momento, a biografia de Mily Possoz (1888-1968) já não apresenta mistérios fundamentais. Nascida em Lisboa, a mesma cidade onde viria a morrer poucos meses antes de completar os 80 anos, traída pelo coração, teria um entorno familiar propício ao aparecimento e ao cultivar da sua vocação artística, apoiada por mestres de reputada exigência e ampliada com estudos e viagens pela Europa. Contudo, e apesar de a sua obra estar representada em várias e importantes colecções públicas e privadas — e, portanto, acessível aos investigadores—, em Portugal e no estrangeiro (de que se destacam a Bibliothèque Royale de Bruxelles, uma dezena de museus nos Estados Unidos ou a Biblioteca Nacional de França, entre outros), permanecem sobre ela visões desligadas da observação e ancoradas em pressupostos desinformados.
Uma das criadoras do modernismo português, ao longo da sua carreira Mily Possoz recebeu vários prémios — nacionais e internacionais —, expôs em diversos países, individual e colectivamente, com artistas reputados da cena internacional. Em termos nacionais, foi também uma das criadoras que mais arduamente se dedicou a trilhar um caminho profissional e a deixá-lo expresso na sua obra. Pintora, ilustradora, gravadora e criadora de um universo autoral, visualmente informado e estruturalmente contra-corrente — embora, com frequência, não tenha sido assim percebido pela crítica e pela historiografia — Mily partilha com outras artistas suas contemporâneas não o carácter “doce, feérico e onírico” que se tem insistido em ler nas suas obras, mas uma visão incisiva, atrevida, satírica e lúdica do mundo, oferecendo ao espectador um espelho peculiar, revelador de uma vivência com ênfase num universal feminino — ou seja, assumindo o seu ponto de vista como um novo normativo.” (Excerto do texto “Reapresentar Mily Possoz”, de Emília Ferreira).