APNEIA - Parar o tempo

APNEIA é uma exposição de desenho que pode ser entendida como um exercício que explora as relações formais com a fotografia e a simulação da paragem do tempo - essa imaterialidade pulsante de algo que decorre imparável.

Os desenhos aqui apresentados constituem uma reflexão da sua dimensão estática, relacionando-a com o momento em que uma imagem é congelada quando captada por uma câmara. Ao relacionarmos o conceito de apneia (suster a respiração) com o momento em que a imagem é captada pela câmara, encontramos uma ligação com o instante em que a vida fica em suspenso - tanto na imagem que é fixada como no momento em que a respiração é interrompida. Assim, cada desenho inscreve-se nesse tempo suspenso, em que a própria temática da apneia visa relacionar-se com o momento em que o observador sustem o olhar diante o desenho.

No entanto, os desenhos reflectem uma expressão que remete para fotografias relacionadas com uma antiguidade, explorada através do processo de trabalho - desenhos caracterizados por uma estética pictorialista, dimensão poética, marcas de antiguidade e descoloramentos - que intentam ser a prova de que é possível dissimular o olhar, fazendo acreditar que o tempo parou no momento desenhado.

Como numa apneia, a ausência do acto de respirar faz-nos lembrar que a vida ficou em suspenso por um determinado momento. Se relacionarmos essa ausência com o momento em que uma fotografia é captada, no qual por vezes existe também a tendência natural de suster a respiração para que o movimento do corpo não interfira no disparo, talvez permita que a percepção da paragem do tempo se revele em cada desenho.

 

Rogério da Silva

n.Lisboa

Artista visual e investigador.

Mestre em Arte Multimédia na vertente de Audiovisuais pela Faculdade de Belas Artes (FBAUL) e licenciado em Arte Multimédia na vertente de Ambientes Interativos. É investigador colaborador no Centro de Investigação em Belas-Artes (CIEBA-FBA/UL). Foi distinguido com o Prémio de Mérito Académico e Científico Faculdade de Belas Artes/Caixa Geral de Depósitos em 2015.

Desenvolve investigação em desenho e projetos audiovisuais, explorando temas ligados aos processos da memória, ao tempo da imagem e à construção de narrativas em contexto de vídeo.

Exposições (seleção)

Das exposições em que participou destacam-se ELO(KUVA)KUU Festival, Galleria Kyy, (Finland 2023); Il n’a pas que la taille qui compte, Anne+ Art Contemporain, (Paris 2022); Meduse, Galerie Da-End, (Paris 2022); Times and Movements of the Image, Espaço Concas, Centro de Artes, (Caldas da Rainha 2018); One Minute Artists Moving Image Festival, (País de Gales 2018); Prémio 30 Anos Casa das Artes de Tavira (2016); Premiados Arte Hoje, Sociedade Nacional de Belas Artes (Lisboa 2016); I Stood up and... Never sat down again, Plataforma Revóver, (Lisboa 2015); Postcards, integrado na exposição A Linha e o Espaço, MAEDS - Museu de Arqueologia e Etnografia de Setúbal (2015); Congresso da Cidadania, Ruptura e Utopia, Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa 2015); ProxyACT International Short Film Festival (Londres 2015); A Devolução da Alma, Casa Fernando Pessoa, (Lisboa 2012).

Expõe em festivais de vídeo, feiras de arte em Portugal e no estrangeiro desde 1988.