Francisco Costa: o escritor genuinamente sintrense morreu há 26 anos
Francisco Costa (1900-1988) é um escritor genuinamente sintrense: nasceu, casou, viveu, trabalhou e morreu em Sintra, a 2 de abril de 1988. Foi muitos anos contabilista na Adega Regional de Colares e, em 1939 transitou para a Câmara Municipal de Sintra, onde fundou a Biblioteca e o Arquivo Municipal, no Palácio Valenças.
Após convalescença devido à febre pneumónica, publica o seu primeiro livro de poemas, Pó, em 1920, recebendo louvores críticos de Ferreira de Castro. Posteriormente, em 1925, publica Verbo Austero, que colhe os favores de Fidelino de Figueiredo, crítico literário classicista, e de Fernando Pessoa, que lhe pede alguns poemas para a sua revista Athena. Neste livro, é publicado o soneto "Cruz Alta", inscrito no cume da Serra da Sintra.
Abandonando a poesia (a que apenas regressará em 1987, em Última Colheita), dedica-se ao romance, publicando a primeira trilogia na década de 40: A Garça e a Serpente (1943) Primavera Cinzenta (1944) e Revolta de Sangue (1946). A Garça e a Serpente foi galardoado com o Prémio Literário Eça de Queirós.
A sua luta literária contra o modernismo prossegue com a conferência Velhice do Modernismo, em Coimbra, em 1945. Nesse ano publica o polémico ensaio Eça visto por si próprio. Prolongando o seu cunho ensaístico, tematiza a sua arte de escrita em Essência e Existência do Romance (1953). É em Cárcere Invisível (1949) que atinge a mestria narrativa, tendo por ele recebido o prémio literário Ricardo Malheiros da Academia das Ciências de Lisboa.
Na década de 50 publica a segunda trilogia, a que dá o título geral de "Em Busca do Amor Perdido": Acorde Imperfeito (1954) Nocturno Agitado (1955) e Cântico em Tom Maior (1955). Em 1964, publica o romance Escândalo na Vila e em 1973 Promontório Agreste.
No plano da história, são de sua autoria os três volumes dos Estudos Sintrenses.